Propostas programáticas na busca do voto
Luciano Siqueira
De certo modo no Brasil de hoje é relativamente fácil justificar o voto pelas suas consequências para a vida das pessoas. O voto em Dilma, por exemplo, ganha sentido aos olhos do eleitor quando se demonstra o compromisso de continuidade da candidata com o conjunto dos feitos do governo Lula – e ainda se aponta a possibilidade de avançar mais ainda. Cá na província, então, destaca-se o canteiro de obras (e de amplas e diversificadas oportunidades de negócios e de empregos) em que se converteu Pernambuco a partir de decisões estratégicas do presidente da República: a localização da Refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, no Complexo Portuário de Suape, lastreando o Estaleiro Atlântico Sul e a planta de poliéster; a Transnordestina, transposição/revitalização do São Francisco e o Pólo e Hemoderivados.
Mas não bastam esses fatos e argumentos, quando se quer ir além na construção de uma consciência social avançada, a que serve a peleja eleitoral. Meu discurso de candidato se vale do dito popular “um olho na reza e o outro no padre” para inserir a combinação do que se pode fazer agora, em benefício do povo e pelo fortalecimento da Nação, com o que almejamos para o futuro.
Como assim? Mesclando elementos de uma plataforma imediata, ao alcance de um mandato de deputado estadual – desenvolvimento com distribuição de renda, valorização do trabalho e sustentabilidade ambiental; direitos humanos, segurança e espaços públicos seguros; cultura; mobilidade urbana, etc. – com a defesa das reformas estruturais.
Não tem sido difícil, assim, introduzir a necessidade de se completar a reforma agrária e promover as reformas urbana, tributária, educacional, política e dos meios de comunicação, acrescidas do fortalecimento do SUS e da implantação do SUSP (Sistema Único de Segurança Pública) como expressões de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento que venha, no futuro, a abrir caminho para o socialismo. Ao contrário, torna-se até fácil, na medida em que as reformas estruturais se colocam como resposta a inquietações manifestadas no diálogo na porta da fábrica, nas escolas e Universidades, em visitas a locais de trabalho e em reuniões de residência. Os problemas estão à flor da pele – as respostas fluem naturalmente.
Naturalmente, é bom frisar, para quem se vale do Programa do PCdoB e do conjunto das propostas apresentadas pelos comunistas à ex-ministra Dilma. Pois o nordestino da zona rural costuma dizer que só se encosta em árvore que dá sombra. Os eleitores mais interessados e atentos – parcela que se amplia enormemente – buscam justamente candidatos e ativistas que lhe forneçam dados e argumentos para que entendam o que se passa em torno de si e no País – ou seja, “árvores que dêem sombra”.
Isso dá voto? Claro que dá – e muito. Quanto mais eleitores esclarecidos, maior a possibilidade de que não apenas votem, mas peçam o voto. Vivi isso, com êxito (fui o mais votado do nosso campo de forças), em minha campanha para vereador do Recife há um ano e meio. Vivo novamente na campanha atual. Espero que dê certo uma vez mais – para que a prática confirme a tese.
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