02 setembro 2010

A palavra de Jomard Muniz de Britto

RELATOS & MIRAGENS d´A CASA DO POETA

Jomard Muniz de Britto, jmb

Mesmo que ele jamais tenha escutado a música mora na filosofia.
De ontem e sempre, contemporânea e extemporânea,retocando no rádio.
Até mesmo se estiver namorando o lar mundial da internet: banalidades,
enciclopédias, solidões, instantaneidades da fama e das fórmulas.
Habitante deslocado nesta imaginária Casa, irredutível Casarão,
febril casebre onde nasceram vivecas, de oceanos para a Ilha do Maruim,
utopia doce amarga de holandeses e outros forasteiros de dentro ao FORA, nosso poeta de ruas não se reconhece nesses lugares,sítios, aposentos,sacadas, corredores, quintais.
Mesmo assim, poeta em trânsito, desejaria inscrever no umbral da fantasia
ou apenas na porta de entradas, bandeiras e saídas,um texto roubado de
um livro de ensaios:
DA REALIDADE SEM MISTÉRIOS ao MISTÉRIO DO MUNDO.
Pense. Levante-se. Aperte a mão mais próxima. Você NÃO está sendo filmado.
Por essa inscrição replicante, atravessando porteiras, nosso poeta pelo ir e vir de todos os devires sem deveres, ele está saudando e ao mesmo tempo salgando nossa filósofa em pleno deserto ARCOVERDEJANTE.
Pense logo em descobri-la na internet de nossas ignorÂNSIAS.
Você começa a ser... pessoa no mar de lendas que não culpam a USP.
Repense. Não se assuste. Você continua sendo filmado.
Nosso poeta, hesitante ou não, somente interpenetra em CASA que abrigue mistérios sem mercadorias. Coisa possível? Pelo gozo das palavras.
Pela miragem das línguas e linguagens. Pelo cinema sem dogmas.
Cinema Carvalho. Sem temer subliteraturas e até superliteraturas.
O poeta lutando em DOBRAS, buracos, vazios, horizontes do difícil.
Múltiplo e rarefeito, no entrelugar do SER no Bloco do Nada,
tão cordelista quanto laboratorial, brigas autofágicas entre o estar
contemporâneo e a encenação de outro terrorismo semiótico, além
e aquém das vozes e dos urros.
Estamos todos sendo mirados, autoiludidos, corredores de celebridades?
Outros poetas pedem permissão para nos dispensar e se dispersam pelos arredores periclitantes em luxúria de Santa Tereza d´Avila: outrora e
sempre reinventada por Trevisan, Cadengue e seres afins.
Devassaram nossas casas, antes de sermos filmados.
No diálogo de jovens marinheiros brilhantes invocando Hamlet e
nosso coveiro, deus danado de pulsações em poeticidade.
Mas não raptaram nossas vaidades em hipérboles de narcisismo.
Nosso poeta, sorrindo e sendo gravado, retorna à inscrição no portal
da Casa que nunca foi sua propriedade. Ruas, avenidas, becos, margens
para seus relatos.Sem conceitos preconcebidos. Sem fundamentalismos.
Imaginando o REAL por suas MIRAGENS da tragicomédia que nos cerca,
enquanto a poeta-editora Helena Ortiz indaga: BASEADO EM QUÊ?
Pense. Imagine. Perturbe-se. A páscoa se aproxima dos sem deus.
P.S. Este seriado prosseguirá através de problemáticas e desconstruções de seus leitores, filmados ou não.
atentadospoeticos@yahoo.com.br
Recife/setembro 2010

Um comentário:

Waldir Pedrosa Amorim disse...

Belíssimo, caro poeta,

Waldir