No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Brasil, governo e civilização
Apesar da crise sistêmica do capitalismo o Brasil continua a crescer economicamente, o que vai consolidando o fato de que essa nova realidade veio para ficar e faz parte de nova configuração do tabuleiro geopolítico global.
O País tem quase todas as características que são comuns aos gigantes emergentes: extensão territorial, mercado interno em crescimento, liderança econômica regional ascendente, parque industrial complexo etc.
Além disso, é detentor de potencialidades distintas aos demais componentes dos chamados BRICS. Possui a maior reserva florestal, o maior manancial de água doce, a maior extensão de terras agricultáveis do planeta.
Por outro lado é insuficiente a infra-estrutura do País em relação às estradas de rodagem, portos, ferrovias de interligação com o território nacional, hidrovias e por aí vai.
O crescimento econômico da última década não foi acompanhado por um plano nacional de desenvolvimento com metas e objetivos a serem alcançados, mostrando que as heranças da doutrina neoliberal dos anos noventa e início do milênio não foram de todo superadas.
Porque as estratégias, os planos estruturais, o papel do Estado como indutor central ao desenvolvimento não só foram descartados nos governos FHC como a nova ordem mundial continua difundindo esses pré-requisitos ao desenvolvimento do País como abomináveis.
Na verdade os preceitos neoliberais mantêm-se hegemônicos no planeta sob a batuta do complexo midiático mundial, do capital financeiro global.
No Brasil as forças neoliberais estão tensionadas para que não se constituam novos caminhos tanto ao crescimento econômico quanto ao desenvolvimento soberano, coisas complementares porém diferentes.
Por outro lado, além de pelejarmos pela construção da riqueza nacional, da emancipação social, devemos lutar pelo resgate e desenvolvimento dos grandes valores humanos universais esmagados pela "globalização", o que já implica em tremenda resistência ideológica e política.
Valores esses resgatados, desenvolvidos e mesclados ao nosso rico processo de nação tropical. Mas não devemos perseguir, como objetivo último, alguma coisa como se fossemos uma espécie de "esquerda" da própria globalização capitalista.
Os nossos desafios devem nos confrontar como alternativa econômica, social, cultural e de civilização a essa nova ordem mundial do capital.
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