Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha e no portal Vermelho
Não é apenas eleição para vereador e prefeito: todo tipo de disputa em Ponte Nova é assim – democrática e acirrada, porém tranquila e mutuamente respeitosa. E olhe que confronto não falta: no futebol, no dominó, na escolha da Rainha do Milho e do Rei Momo e Rainha do carnaval, sindicatos e associações, agremiações carnavalescas, grêmios literários e estudantis, pôquer e até no jogo de petecas. Juiz só para tirar dúvidas, que nem tem a intenção de trapacear.
“Os de dedos da mão não são iguais” – por isso, divergências surgem e têm que ser resolvidas no voto ou no par ou impar. Mas sempre numa boa.
Agora é campanha eleitoral. Cada candidato com a sua coligação e cada um se virando como pode para fazer chegar até o eleitorado suas propostas. Isso mesmo: propostas, melhor dizendo, programas de governo dos pretendentes a prefeito e plataformas dos postulantes ao mandato de vereador.
O bate boca estéril em torno de meras perfumarias, os futricas, de há muito deixou de existir por pura exaustão de um eleitorado cada vez mais exigente.
Outra que não cabe em Ponte Nova: candidato A ou candidato B pode dizer à vontade se apoia o governador ou a presidenta da República, que seus adversários nem se incomodam – porque é a pura verdade – nem sequer pensam em recorrer ao TER para proibir que o concorrente se assuma politicamente, nesse aspecto. Nem de longe se acusa, por isso, o adversário de praticar o estelionato eleitoral.
A resultante de tudo isso é a escolha livre e conscienciosa por parte do eleitor, que presta muita atenção á história pregressa e aos atributos dos candidatos, porém valoriza mais ainda suas ideias e propostas. E ai daquele que tergiverse brandindo promessas vãs: vão para último lugar da fila em intenções de voto. Por outro lado, ponto para os que dizem o que pretendem fazer, por que, onde, quando, como e com que recursos e de que modo pretendem obter esses recursos – pois assim as propostas ganham concretude e passam pelo crivo da viabilidade.
Outra que em Ponte Nova é assimilada pelo eleitor: a capacidade de cada candidato formar alianças amplas e diversificadas. Isto é visto como sinal de competência e largueza política, jamais como somatório de intenções meramente oportunistas. Se “os dedos das mãos nãos são iguais”, raciocina o eleitor, e ninguém se pretende dono da verdade, vale muito a capacidade de unir respeitando as diferenças; superar divergências passadas e idiossincrasias, em nome do bem comum e do progresso da cidade.
E tem mais: aos eleitos cabe o cumprimento dos compromissos assumidos, sob pena de uma condenação coletiva em regra, pois em Ponte Nova a palavra empenhada é levada a sério.
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