Por Mazé Leite em seu blog
No livro que estou lendo,
“Goya”, de Robert Hughes, a certa altura o autor fala do Caderno Italiano
de desenhos que o artista espanhol carregou consigo e fez diversos registros em
sua viagem pela Itália. Em sua época, nenhum artista que não fosse italiano ou
que não tivesse tido uma formação naquele país era reconhecido na Espanha. Por
isso, Goya foi para a Itália, seguindo os passos de gerações de artistas
estrangeiros que iam se formar na “escola do mundo”, como era considerada a
Itália “desde a época de Albrecht Dürer, no final do século XV”, observa Hughes.
Esse “Cuaderno italiano”
foi adquirido pelo Museu do Prado, de Madrid (Espanha) em 1993. Assim que veio
a público, diz o Portal do Museu na internet, seu impacto foi grande
não só entre os especialistas mas também entre o público geral. O Caderno de
desenho de Goya tinha uma encadernação simples, assinada por ele várias vezes,
tanto dentro quanto fora e tem um tamanho confortável para a pessoa carregar
consigo. O papel, conforme informa o Museu, é de boa qualidade e apresenta uma
espécie de marca d’água do famoso papel Fabriano, uma manufatura de papel
italiana que vem desde o século XIV.
Nesse caderno, Goya fez os
desenhos mais antigos que se conhece dele, inclusive desenhos preparatórios
para pinturas que foram feitas na Itália ou imediatamente após sua temporada
por lá. Além dos desenhos, como todo caderno de registro de artista que hoje
são conhecidos como sketchbooks, Goya também fez
anotações à mão como a lista de cidades por onde teria passado e até dados
biográficos. Entre essas anotações o rascunho de uma carta a Mengs (pintor
alemão), amigo do artista polonês Taddeo Kuntz com quem Goya compartilhou uma
moradia em
Roma. Nessa carta,
Goya expressava sua vontade de voltar a Roma na companhia de Mengs. Também há a
anotação do nascimento do seu primeiro filho, Antonio Juan Ramón y Carlos, no
dia 29 de agosto de 1774. Ele teria anotado também: “me case el beinti cinco de
Julio del año de 1773, y era Domingo / oy 15, de decienbre”.
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