Disputa estratégica
em tempo de incertezas
Luciano Siqueira,
no Blog de Jamildo/portal ne10
As eleições gerais de 2018 terão uma dimensão estratégica. Estarão
em causa dois caminhos para o País: o aprofundamento da regressão ao
neoliberalismo promovida pelo governo Temer ou a retomada do ciclo
transformador, em outro patamar.
Natural que todas as forças políticas em presença
intensifiquem seus preparativos para tão decisiva batalha.
Prematuras são conjecturas sobre alianças, num cenário geral
de incertezas, mas não o debate de saídas para a crise.
O PCdoB, que embora um partido organicamente médio, em
função do seu coprotagonismo na cena nacional, cuida de afirmar seus próprios
pontos de vista acerca dos rumos do País. Pode vir até a apresentar candidato
próprio à presidência da República.
Certamente todos os partidos com algum laivo programático pretendem
fazer o mesmo.
Tão postura é necessária, sobretudo porque mais do que os embates
imediatos – em razão da pauta regressiva em andamento no Congresso Nacional -,
importa a busca de saídas para a crise em meio à qual se dará o próximo pleito.
Isto no ambiente geral de incertezas e de imprevisibilidade
no curto prazo. O julgamento da chapa Dilma-Temer pelo TSE – que possivelmente
se arrastará por alguns meses -, contribui fortemente para a manutenção da
instabilidade política e institucional.
Temer é o presidente mais rejeitado da História do Brasil, segundo
a última rodada Ibope de pesquisas.
Concomitantemente, se alastra a insatisfação da população, tendo
a reforma da Previdência – ao lado da reforma trabalhista e da terceirização
plena – como condutos mais perceptíveis da regressão de direitos.
Se a maioria da população encontra dificuldades em compreender
a complexa situação que o País atravessa, até porque lhe são cerceadas pela
grande mídia dominante informações essenciais sobre as causas e o desenrolar da
crise, com a reforfma previdenciária rompeu-se um dique que represava a
percepção da real natureza do impeachment da presidenta Dilma e os propósitos
do governo Temer.
Esse é um fator determinante das possibilidades de uma
futura reviravolta no quadro político e institucional do País.
Pois em meio à descrença generalizada nas instituições, e na
política em particular, emergir das ruas e da convergência de ideias um projeto
novo é possível. Desde que no campo hoje oposicionista se vença a relativa
dispersão e se desenvolva, num amplo arco de forças políticas e sociais, a
busca de uma plataforma comum que acene ao eleitorado com a esperança de
mudança real.
Tal plataforma há que explicitar proposições claras e
compreensíveis pela maioria, pautadas na retomada do desenvolvimento socialmente
inclusivo, na defesa de direitos ameaçados, na restauração da democracia e soberania
nacional.
Da parte dos governistas de agora, bom que exponham com
clareza seu projeto – sem subterfúgios. Para que venha à tona o verdadeiro
comando de sua empreitada – os círculos dominantes do capital rentista – e seus
intentos ultraconcentradores da produção e da renda.
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