08 julho 2019

Futebol mediano


Campeões, mas nem tanto
Luciano Siqueira

Vencemos, somos campeões, devemos comemorar. Mesmo sem o entusiasmo de outros tempos.

Conquista da Copa América revela menor dependência de Neymar, dizem alguns analistas.

Conclusão precipitada.

Na verdade, esse torneio deixou muito a desejar do ponto de vista técnico. As principais seleções — Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia e o próprio Brasil — tiveram desempenho apenas mediano.

A seleção peruana rendeu muito mais do que esse seria de esperar. Tecnicamente inferior, mereceu chegar à final.

Mesmo vencendo os peruanos duas vezes, a primeira por um elástico cinco a zero, nossa seleção não jogou nenhuma partida realmente convincente. O time é muito lerdo quando se trata de variar a tática do jogo. Burocrático quase.

Além disso, tendo em vista a Copa do Mundo no Qatar, a vitória de agora acumula quase nada. Tite preferiu não arriscar uma derrota e apostou suas fichas numa equipe parcialmente envelhecida. 

Deixou-se vencer pela cultura imediatista que predomina em nosso futebol.

Quanto à suposta dependência de Neymar, o problema em si já denota a crise tática do nosso futebol. Nenhuma seleção que se preze pode depender de um jogador, por mais bem dotado tecnicamente que seja.

Entre os bons jogadores, no ataque se alternam Gabriel Jesus, Firmino e Everton. Teriam tido melhor desempenho se Philipe Coutinho estivesse em boa forma. Não está.

Comemoremos título alcançado no Maracanã, mas sem botar a decadência tática e a falta de planejamento para debaixo do tapete.

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