30 junho 2023

Enio Lins opina

Tolerância zero para o racismo e para racistas

Enio Lins www.eniolins.com.br


Sílvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, informou, na quarta-feira, que endereçou ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal e à Câmara dos Deputados, pedidos de providências sobre ofensas raciais cometidas por um deputado federal.

Nos trechos espalhados pelo cyberespaço, um sujeito apresentado como deputado federal pelo PL de Goiás se esbalda em insultos como dizer que o “QI de africanos é menor que o QI de macacos” e outras barbaridades do mesmo calibre.

Na atitude do Ministro, duas questões merecem atenção e aplausos: 1) não admitir veiculação de conceitos racistas e provocativos, pedindo a aplicação da Lei para quem quer que seja; 2) contestar a presunção que a imunidade parlamentar proteja crimes.

São questões óbvias, ululantes, mas que precisam de reforço cotidiano num Brasil que decidiu não mais tolerar a incitação ao ódio, a discriminação racial (e todas as demais), e que precisa enfrentar a impunidade que protege autoridades com mandato.

No tocante ao racismo, essas atitudes discriminatórias sempre foram “levadas de boa”, como “brincadeira”, ou “opinião pessoal” e prevaricações e/ou cumplicidades do tipo que consolidaram uma normalidade racista tão hipócrita quanto criminosa.

E a “imunidade” historicamente usada como sinônimo de “impunidade” para parlamentares deitarem e rolarem em atos criminosos? Racismo é crime, divulgar o racismo é estimular esse tipo de crime, e não existe proteção parlamentar para nada disso.

Desde quando um então candidato à presidência da República agrediu publicamente afrodescendentes (e pobres) “acima de oito arrobas” – e vomitou isso no Clube Hebraica (!!), esse velho vício parece que foi autorizado a se multiplicar impunemente.

Depois, na presidência da República, essa mesma criatura repetiu o insulto, desta vez para um seu apoiador afrodescendente (que achou aquilo uma gracinha do mito), e ainda tirou onda com sua absolvição num primeiro processo sobre esse delito.

Impunidade faz escola, se espalha, contamina a partir de exemplos notórios especialmente quando multiplicados pelas redes sociais. Já passa da hora disso mudar e, quem quer que seja racista – com mandato ou não – precisa começar a ser punido de acordo com a Inelegível por 8 anos, resta agora ao ex-presidente Bolsonaro percorrer o país ostentando sua condição de "mito" bola murcha. A democracia ganha.

Onde cabe quase tudo - sem preconceito nem sectarismo https://tinyurl.com/3y677r7f

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