VERÃO
Ferreira Gullar Este fevereiro azul
como a chama da paixão
nascido com a morte certa
com prevista duração
deflagra suas manhãs
sobre as montanhas e o mar
com o desatino de tudo
que está para se acabar.
A carne de fevereiro
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida.
Mas como tudo que vive
não desiste de viver,
fevereiro não desiste:
vai morrer, não quer morrer.
E a luta de resistência
se trava em todo lugar:
por cima dos edifícios
por sobre as águas do mar
[Ilustração: José Pancetti]
Leia também 'Ninguém me habita', poema de Thiago de Mello https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/02/palavra-de-poeta-thiago-de-mello_25.html
como a chama da paixão
nascido com a morte certa
com prevista duração
sobre as montanhas e o mar
com o desatino de tudo
que está para se acabar.
tem o sabor suicida
de coisa que está vivendo
vivendo mas já perdida.
não desiste de viver,
fevereiro não desiste:
vai morrer, não quer morrer.
se trava em todo lugar:
por cima dos edifícios
por sobre as águas do mar
Nenhum comentário:
Postar um comentário