12 novembro 2006

O tempo e o blog

O leitor Hermano volta a nos escrever, agora curioso sobre o uso do tempo por parte desse amigo de vocês. Mais precisamente: “Como pode uma pessoa tão ocupada escrever essas coisas diariamente e ainda catar versos, frases em pára-choques de caminhão, fotos e outras coisas?” Muito simples, caro Hermano.

Primeiro que esse seu amigo lê todos os dias. É um “vício” desde criança. E anota, faz fichas de leitura, rabisca comentários. Sempre e invariavelmente há um livro sobre a mesa do escritório em casa, no gabinete de trabalho na Prefeitura e até na varanda do apartamento, junto à rede amiga. E com as facilidades da Internet, consegue ver o que há de interessante em jornais, revistas e sites com a velocidade que a grande rede proporciona e a agilidade do bom e velho método da “leitura dinâmica”.

O blog fica aberto, aguardando apenas que transcreva ou escreva algum algo.

Quanto a poemas, versos soltos... Ah!, amigo, quem não amanhece lendo um poema não sabe o que está perdendo.

As frases colhidas de pára-choques, distração antiga, dão mais trabalho porque estão se tornando raras. Aparecem em caminhões de um proprietário individual, nunca em frotas de empresas. Em recente viagem a São Paulo foi possível anotar algumas. Se os amigos e amigas que acessam o blog quiserem ajudar, anotem também – e nos enviem (com exceção de frases machistas). Como alguns já têm feito com poemas.

É isso. Bom dia, ótimo domingo para todos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Companheiro Luciano Siqueira,

Sou leitor de seus escritos e admirador da sua postura e posições diante do cenário brasileiro. Voce se enquadra naqueles que "tatuam a cara do mundo com o batom da palavra" , e suas tatuagens são obras de arte.
Continue firme.

Saudações Cibernéticas.
Fernando Beça

Anônimo disse...

Caríssimo Luciano Siqueira,

A cada dia que passa, está mais gostoso de ler o seu blog. A poesia, que como vc mesmo declara a Hermano,

"... Ah!,amigo, quem não amanhece lendo um poema não sabe o que está perdendo."

A leitura, esse vício impune, diz Batista de Lima no texto "Às margens sinuosas das palavras" com o seguinte sub-título:
"Do sabor do texto ao prazer da leitura: uma experiência dos sentidos"

Se quiser ler o citado texto, vai encontra-lo lá no site Jornal de Poesia, link Revista Agulha, mantido por Soares Feitosa, um grande poeta cearense, conhece?

O texto de Batista Lima começa assim: "O texto tem o seu sabor. A prova disso é o leitor estar sempre a utilizar metáforas culinárias para revelar seu prazer gustativo diante da escritura. São comuns verbos como digerir, devorar, ruminar, degustar, deglutir."
O texto na íntegra, aqui:http://www.revista.agulha.nom.br/batis5.html
Pg inicial:http://www.revista.agulha.nom.br/poesia.html
Se vc já tem os link's, desculpa, tá?
Bj, e deixo um pouco de poesia do poeta português Eugénio de Andrade:


AS PALAVRAS - Eugénio de Andrade

São como um cristal,

as palavras.

Algumas, um punhal,

um incêndio.

Outras,

orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.

Inseguras navegam: barcos ou beijos,

as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,

leves.

Tecidas são de luz

e são a noite.

E mesmo pálidas

verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta?

Quemas recolhe, assim,

cruéis, desfeitas,

nas suas conchas puras?


Último Poema
Vital Corrêa de Araújo

A poesia é necessária, senão quem saberia
das fortalezas derrubadas por um cavalo de abeto?
E das lágrimas com que Hécuba
fertilizou as várzeas da dor humana?