Este é o título de nossa coluna semanal no portal Vermelho (www.vermelho.org.br), hoje. Veja o texto na íntegra.
Hegemonia política: o que é; como se deve exercer. Se você tiver interesse e tempo, consulte o Houaiss ou o Aurélio; e se quiser compreender essa categoria teórica do ponto de vista marxista, leia Gramsci. Mas, por agora, basta prestar atenção ao desenrolar dos acontecimentos em torno do governo Lula, tendo como foco a montagem do novo ministério.
É que no ambiente criado com a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados e na esteira da formação do bloco parlamentar constituído por partidos que apóiam o governo Lula - PCdoB, PSB, PDT, PMN, PV e PHS -, mas em certa medida se distanciam do PT; e da tendência (que parece majoritária) entre os petistas a se constituírem como núcleo coordenador do governo ao lado do PMDB “neolulista”, uma das idéias mais acalentadas pelo presidente e por parte expressiva dos seus apoiadores – o governo de coalizão – se vê chamuscada.
Em outras palavras: entre o governo de coalizão no qual há que ser naturalmente o principal partido e o exercício da hegemonia ao estilo rolo compressor, o PT parece se inclinar pela segunda alternativa.
Isto quer dizer, a nosso ver, confundir hegemonia com poder absoluto. Ou, melhor explicando, tentar a exercer a hegemonia sobre si mesmo, o que vem a ser, na prática, uma espécie de auto-isolamento progressivo que nada tem a ver com o conceito político e a compreensão teórica do que seja força hegemônica.
Parece óbvio que quanto mais ampla e representativa, partidária e socialmente, seja uma coligação de forças, mais valorizado o papel hegemônico do principal partido. Quanto mais esse partido procure impor seus pontos de vista e seus interesses na ocupação de espaços de poder, menos reconhecida tende a ser a sua condição de força hegemônica.
Mas nem sempre o que parece óbvio é facilmente compreendido. Mesmo quando a experiência recente recomenda cautela, espírito de abertura, equilíbrio no exercício do poder e visão estratégica larga. Para alguns, infelizmente muito influentes hoje nas hostes petistas, prevalece o horizonte de curto prazo, talvez até contem nos dedos o tempo que resta do segundo governo Lula. Por isso, mandam às favas a idéia da coalizão e se voltam para o próprio umbigo.
Na prática, permitam carregar nas tintas, tende a ser essa atitude mais uma dentre as que o próprio presidente qualificou de “alopradas”. Isto num instante tão decisivo do governo e da vida nacional, quando se pretende alavancar o desenvolvimento com distribuição de renda e oferta expressiva de postos de trabalho; e em que, para tanto, cabe ajuntar amplos segmentos políticos e sociais em torno do objetivo comum.
Na composição do novo ministério, ao presidente Lula cumpre preservar a idéia da coalizão; ou, se preferir, ceder às pressões exacerbadas do seu próprio partido.
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