Pode-se dizer que os conservadores do governo querem, com essa proposta, fechar os espaços por onde são lançados focos de luz sobre os males da atual política macroeconômica. Esses conservadores tentam cumprir um programa econômico assentado em premissas que podem ser definidas como selvagens. Ou seja: a superexploração repressiva da força de trabalho, fundada na concentração da propriedade e da renda e no controle político do país. Estamos, a rigor, diante de uma contradição típica da luta de classes, que extrapola os limites da questão econômica: como conciliar liberdades políticas, como o direito de greve, com este perverso modelo macroeconômico? Em tempos passados, essa contradição foi resolvida com leis ilegítimas e fascistas elaboradas nos gabinetes dos governos que assumiram o poder após o golpe militar de 1964.
Na batalha contra aquela ordem ditatorial, é oportuno lembrar o papel de Lula. Quando o ciclo de greves iniciado em 1978 se encerrou, em 1980, ele já era um dos principais responsáveis pela marcha para a derrocada da ditadura militar. Dali para a frente, o Brasil não seria mais o mesmo. O sindicalismo combativo havia ressurgido com força e desafiava a legislação obsoleta. Restringir o direito de greve, hoje, seria renegar todo esse passado. Seria renegar ainda todo o percurso de resistência ao projeto neoliberal, que durante a “era FHC” tentou reconstituir a ordem ditatorial do regime militar no que diz respeito ao tratamento dispensado aos movimentos populares.
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