05 agosto 2007

2008: opções tásticas em debate

No Jornal do Commercio, por Joana Rozowykwiat
Tese de vários candidatos ganha força
Declaração do deputado Pedro Eugênio, de que PT não deve ter obsessão pelo palanque único, reforça a posição de alguns aliados do prefeito João Paulo
. A posição do deputado federal Pedro Eugênio (PT), que, em entrevista ao JC, publicada na edição de ontem, afirmou que os petistas “não devem ter obsessão pelo palanque único”, reforça uma posição que vem sendo adotada por aliados do prefeito João Paulo (PT). Apesar de o deputado ser o primeiro petista a mostrar-se simpático a essa tese de várias candidaturas, integrantes de partidos aliados já haviam acenado para tal possibilidade. O vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB) e o deputado federal Sílvio Costa (PMN) lembram que essa estratégia foi utilizada, com sucesso, em 2000, 2004 e 2006. E analisam que não há, no PT, um candidato natural, que, logo de cara, agregue todos os partidos.
. Na entrevista, Pedro Eugênio questionou até que ponto a candidatura única seria o melhor caminho para a frente governista. “A candidatura única não pode ser construída pagando-se o preço de forçar a barra dos processos internos de cada partido”, avaliou. Para ele, ir à disputa com múltiplos palanques não representaria falta de unidade. “Isso é da regra do jogo. Em determinado momento, pode até ser desejável”, defendeu.
. Luciano tem avaliado que há uma predisposição das siglas aliadas de apoiarem o postulante indicado pelo PT, mas “nada impede que, no processo, possa haver algum tipo de dificuldade que justifique mais de uma candidatura”. Segundo ele, essa unidade não acontecerá “com qualquer nome, a qualquer tempo, e sob quaisquer circunstâncias”. Ele diz haver sinais de que a eleição será resolvida, de qualquer maneira, em dois turnos, já que a oposição deverá lançar vários candidatos. Desta forma, ter mais de uma postulação seria uma questão tática também para as esquerdas.
. “Os outros partidos têm as suas pretensões. Diariamente recebo estímulos de igrejas, militantes até do PT que me dizem que a opção de mais de uma candidatura pode ser válida”, explica.
. Sílvio Costa tem sido mais enfático ao defender o lançamento de vários nomes. “Essa receita deu tão certo que os nossos adversários vão utilizá-la em 2008”, ressalta o parlamentar.
. Para o presidente estadual do PT, Dilson Peixoto, haveria consenso no PT de que as chances de vitória, em 2008, seriam maiores se houvesse apenas um postulante das esquerdas. “Se tivermos apenas um nome, que expresse o apoio de João Paulo, Eduardo Campos, Lula, Armando Monteiro Neto, Luciano Siqueira, entre outros, há chances de ganharmos no primeiro turno”, acredita. Segundo ele, se o PT identificar problemas em seguir por esse caminho, poderá trabalhar a hipótese de mais de uma candidatura. “Mas iremos defender a unidade até o último momento”, apontou.
. Os petistas acreditam que não há, no Recife, uma situação que justifique o cenário de múltiplos palanques. “Não há estremecimento. A relação entre os partidos da base é a melhor possível”, defendeu o secretário-geral da legenda, Jorge Perez.
. O próprio presidente Lula, na última semana, fez um apelo à unidade dos aliados nas disputas municipais do ano que vem. E deixou claro que isso representará um estágio fundamental para o objetivo maior, que é ganhar a eleição presidencial de 2010.“A eleição está chegando e eu peço que vocês tentem estar juntos. Eu sei dos projetos individuais de cada um. O PT fez isso a vida inteira. Mas vamos nos esforçar para candidaturas únicas, pelo menos nas capitais”, disse o presidente, ao final da reunião de seu conselho político.

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