O consumo salvou o semestre
Luciano Siqueira
Considerados os números dos dois últimos semestres, a economia brasileira, dizem os analistas especializados, experimenta um estado de “recessão técnica”. Por que não simplesmente recessão? Porque, dizem alguns, há uma nítida tendência de recuperação, puxada pelo consumo.
Há aí um significado importante, que aponta para as possibilidades de continuarmos explorando nossas próprias potencialidades. Poucos são os países detentores de tamanho mercado interno e com chances reais de ampliá-lo.
As medidas anticrise adotadas pelo governo foram, até agora, nesse sentido, um experimento válido.
Vejamos. O quadro recessivo decorre do baixo desempenho da indústria e da queda do nível do investimento. No último trimestre o PIB sofreu uma retração de 0,8% em relação ao fim do ano passado, completando o sexto mês consecutivo de tendência negativa. Em relação ao primeiro trimestre de 2008, o recuo foi de 1,8%, o maior desde 1998.
Mas eis que entra o diferencial. O consumo das famílias (junto com gastos de governo) contribuiu decisivamente para o desempenho acima do esperado. E o consumo expandido é fruto direto das medidas adotadas para reduzir a carga tributária de produtos industrializados, assim como das destinadas a facilitar o acesso ao crédito.
Melhor seria se a queda das taxas de juros viessem caindo num ritmo mais acelerado. É o poderemos comprovar agora, com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central que reduziu os juros básicos (Taxa Selic) em um ponto percentual, para 9,25% ao ano. Como uma reação em cadeia, logo em seguida ao anúncio do Copom, vários bancos anunciaram redução de suas taxas para empréstimos e cheque especial.
Um novo ambiente se instala na economia, que pode em muito ajudar a que o Brasil sobreviva indene à crise global. Desde que o governo persista no rumo atual e os agentes econômicos respondam positivamente.
Como a glória dos que produzem é escoar seus estoques no mercado em crescimento, quem sabe possamos viver agora um processo paulatino de recuperação das atividades econômicas, puxado por uma reanimação da indústria. www.lucianosiqueira.com.br
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