Aos 88 anos um partido que se renova
Luciano Siqueira
Amanhã, 25, os comunistas comemoram 88 anos da fundação do seu partido - registrado em 25 de março de 1922 sob a denominação de Partido Comunista do Brasil, no livro 3 do Registro de Pessoas Jurídicas do Cartório do 1º Ofício do Rio de Janeiro.
Seria uma efeméride inexpressiva, se fosse a história institucional brasileira marcada pela existência de partidos políticos longevos, mas não é. Em nosso país o espectro partidário sempre foi moldado por contingências meramente conjunturais.
Assim, ao observador isento, mesmo ao mais eqüidistante ou até discordante, chama a atenção que uma agremiação partidária tenha perdurado no cenário político brasileiro tanto tempo, atuando ininterruptamente. Mais ainda quando se sabe que nessas quase nove décadas, esse partido teve por cerca de dois terços de vida cerceado o direito constitucional de existir legalmente. Os últimos vinte e cinco anos, desde a derrocada da ditadura militar e o advento da Nova República, assinalam o seu mais largo período de legalidade.
A razão de tal proeza decorre de que, além de corresponder a uma necessidade objetiva, determinada pelo conflito social - a de uma representação ideológica, política e orgânica de uma classe, a dos proletários – o PCdoB aprende com a sua própria experiência, com a trajetória de lutas do povo brasileiro e com a evolução dos movimentos libertários no mundo. Amadurece em meio às permanentes tensões determinadas por desafios teóricos, políticos e práticos. Pois seus êxitos ou fracassos dependem diretamente da sua capacidade de compreender as mutações que se processam na sociedade; da natureza dos vínculos que estabeleça com a sua base social; e da habilidade com que se comporte nas diferentes situações políticas.
Sempre foi uma trajetória difícil, a do PCdoB. Complexa, caracterizada por lutas ingentes, perseguições violentas e odiosas, absurdas restrições legais; por vitórias e insucessos; e por um complexo e sinuoso processo de formação de um embasamento teórico e político próprio, cujos resultados assinalam o entusiasmo com que os comunistas comemoram o 25 de março.
Hoje o partido ostenta um contingente de mais de 220 mil filiados, uma presença significativa nos movimentos sociais, ocupa postos destacados nos governos da República, de estados e municípios e tem desempenho influente no parlamento.
O velho partido de 1922 se apresenta hoje renovado, moderno, ágil na abordagem da realidade nacional, portador de uma proposta programática avançada, de sentido socialista e assentada na defesa de um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento. Proposta consubstanciada no Programa aprovado no seu 12º. Congresso, realizado no final do ano passado. Um programa formulado em bases científicas, marxistas, sem se orientar entretanto por nenhum “modelo” preexistente. Um programa brasileiro.
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