04 julho 2011

Um artigo meu no Blog da Folha

Conflito sem divisão nas eleições municipais
Luciano Siqueira


É à Frente Popular que me refiro. Amplíssima – uma dezena e meia de partidos -, vitoriosa, unida em torno da liderança do governador Eduardo Campos e do seu programa de governo, sintonizada com o governo Dilma Rousseff. Mas vem aí a disputa pelas prefeituras e pelas Câmaras Municipais e o bicho pega.

Pega não. Essa expectativa está nas conjecturas da oposição – frágil, carente de rumo e discurso, ansiosa por fissuras nas hostes governistas. Mas não deve se confirmar, assim imagino, desde que prevaleça a maturidade e o bom senso, como vem acontecendo.

Acontece que o município concentra a disputa em geral polarizada entre dois lados que acumulam longa trajetória de alternância no poder local. Mesmo quando como agora, em que na grande maioria dos municípios a oposição não teve palanque para enfrentar a reeleição de Eduardo Campos, porque as facções locais compareceram juntas.

O conflito é inevitável também porque não há forças locais descoladas de lideranças e partidos de dimensão estadual. E o pleito de 2012 é a antessala das eleições gerais de 2014. Todas as correntes buscam acumular forças agora, tendo em vista a peleja futura. Mas nenhuma deseja se apartar do conjunto dois anos após, sobretudo as que abrigam candidatos em potencial ao governo do estado, que desejam, legitimamente, ampliar suas bases de apoio e capilarizar sua influência interior afora. Desejam agregar mais vagões, mas sem descer do trem.

Daí ser possível falar em conflito sem divisão, mediante a convivência mutuamente respeitosa entre as facções litigantes no plano local, com o aval e a orientação dos principais lideres da Frente Popular.

Não é fácil, frequentemente a batalha se acirra e os ânimos se exaltam. Vale a máxima atribuída a Agamenon Magalhães, “feio é perder”. Nem sempre forças do mesmo campo se tratam como concorrentes, preferem acentuar a condição de adversárias. E podem ficar sequelas, importantes, porém não suficientes para provocar rupturas no andar de cima.

Enfim, as eleições municipais implicam muita engenharia política, cujos fundamentos são trabalhados desde já, sem que isso signifique necessariamente abrir o debate sucessório em toda parte. Tem município em que a procissão já está na rua. Nos maiores – a capital inclusive -, predomina a cautela e a consciência de que é preciso ir devagar com o andor, até porque nem se sabe ainda qual é o santo.

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