Luciano Siqueira
Estamos praticamente a um ano do próximo pleito. Em muitos municípios, decisivo na geopolítica de cada estado. Quem está no governo prefere botar o assunto na agenda a partir dos primeiros meses do ano que vem. Quem deseja chegar ao governo já se assanha em especulações e tratativas. Mas o cenário ainda está por se desenhar, são muitos os fatores que o conformarão, entre os quais, por exemplo, o ambiente econômico nacional.
Mas há uma variável a considerar desde agora e sempre, na etapa preparatória – que vai até as Convenções partidárias, em junho – e sobretudo no transcorrer da campanha – de julho ao final de setembro: a correlação de forças.
A disputa pelo poder local envolve múltiplos interesses, explícitos ou não. Move partidos e segmentos sociais mais ou menos organizados. Candidaturas a prefeito ou prefeita necessitam muito mais da seriedade do partido politico, do prestígio e da competência do candidato ou candidata: reunir forças é indispensável, mesmo que inicialmente em condições de inferioridade em relação ao principal adversário.
Um genial político da virada do século XIX ao século XX, Lênin, que liderou a Revolução Russa de 1917, formulou um postulado tático válido em toda e qualquer batalha: unir suas próprias forças, atrair forças suscetíveis de serem atraídas, neutralizar as que não admitem se juntar a nós e isolar o inimigo principal. Vale para as eleições, vale para uma greve por salário e direitos trabalhistas, vale para uma luta no bairro.
Na luta eleitoral, muitas são as nuances disso, determinadas pela realidade concreta, desde a existência de várias candidaturas (e se deve ter o foco do confronto no adversário principal) até a possibilidade de, partindo-se em condições de inferioridade – numa correlação de forças adversa – se inverter a situação no curso da campanha.
Portanto, cenários hipotéticos devem ser considerados desde já, cotejando as forças em presença, a agenda de problemas do município a enfrentar e o conflito de interesses sociais nela contida e assim por diante. E fazer muitas vezes a mesma pergunta: quem pode se unir a quem?
Por outro lado, tanto quanto juntar forças importa evitar ficar à margem da disputa. João Amazonas, em artigo publicado originariamente no jornal A Classe Operária sob o título “Por que o Partido venceu”, comemorativo dos 70 anos de existência ininterrupta do PCdoB, assinalou como uma das condições do êxito alcançado até então a capacidade dos comunistas de jamais se deixarem isolar.
São ensinamentos muito apropriados na atualidade, em que partidos de todos os matizes, o PCdoB dentre eles, almejam disputar prefeituras com candidatura própria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário