No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Poder global, crise e conflitos
Os recentes acontecimentos internacionais confirmam que estamos vivenciando uma profunda crise global do capitalismo. Mas essa não é somente mais uma crise global do capitalismo como outras, recentemente.
As suas particularidades estão merecendo a devida atenção dos economistas, cientistas sociais e militantes políticos porque há algo de muito grave nos fatos em desenvolvimento.
As tormentas financeiras que estão sacudindo os Estados Unidos e a Europa estão provocando uma onda de descontentamento popular crescente onde se questiona o próprio sistema advindo da chamada nova ordem mundial, exigindo uma reflexão crítica do capitalismo. E, além do mais, ampliam-se os sinais de crise política.
Na Itália, o primeiro-ministro Sílvio Berlusconi, uma reedição da ópera bufa, foi até agora mantido no poder pelos Estados Unidos, França e Grã- Bretanha e deverá renunciar para que surjam alternativas à direita, menos desgastadas, que implementem ajustes fiscais neoliberais sempre conduzindo os italianos ao abismo.
A Espanha patina sem saídas concretas para o desastre econômico em que foi metida.
Já o povo grego foi sustado pela Comunidade Europeia e os EUA de votar em referendo se desejava ou não a forca no próprio pescoço.
Em todos esses episódios tem sido decisiva a presença do complexo militar-industrial-midiático hegemônico sob o comando norte-americano que tem sustentado militarmente, ideologicamente, toda espécie de intervenção armada, cinismo, desinformação e brutalidade.
Por outro lado há uma tendência de deslocamento estrutural de poder econômico e geopolítico no cenário mundial cujos atores principais são Brasil, Rússia, Índia, África do Sul, com maior ênfase na China.
Mas que não vem se processando pacificamente porque são cada vez maiores os conflitos de interesses e a resistência imperial norte-americana contra uma nova realidade global multipolar em persistente concretização.
Por exemplo, os Estados Unidos tem sabotado o Brasil em suas iniciativas de integração com as demais nações sul-americanas, como a rodovia bioceânica, do Atlântico ao Pacífico, entre o Porto de Santos e os de Arica e Iquique no Chile.
Intensificou através de campanha cultural e midiática a propaganda de uma sociedade fragmentada, multiculturalista, entre nós. Além de tentar boicotar o avanço da consciência política e mobilização da juventude brasileira.
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