Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho www.vermelho.org.br
e no Blog da Revista Algomais
Os investimentos do
governo no Nordeste são direitos do povo, afirma a presidenta Dilma Rousseff,
ao anunciar a ampliação de medidas emergenciais destinadas aos estados nordestinos
que sofrem com uma das mais severas secas da história.
É
preciso acelerar as etapas burocráticas na liberação dos recursos, pondera o
governador Eduardo Campos. “Eu sei dos seus propósitos de querer agilizar. Se a
gente não quebrar essa velha fórmula, a gente não vai garantir o conteúdo que
nos reúne nessa mesa”.
O diálogo, através de
discursos proferidos por ambos na 17ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da Superintendência de
Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), em Fortaleza, diz respeito a compromissos
de ambos com povo da região.
Falas
não necessariamente conflitantes, antes se cruzam e convergem. Salvo se quem as
ouve opta por valorizar nuances que, sublinhadas ao excesso, permitem encontrar
chifre em cabeça de cavalo.
E
há sim, muita gente com essa predisposição na razão direta em que torce para
que se concretize a cizânia no bloco de forças que governa o País, tendo na
hipotética (por enquanto) candidatura de Eduardo Campos a brecha por onde a
oposição – carente de propostas, de discurso e de candidato competitivo -,
encontre a brecha por onde possa respirar.
Ocorre
que há tempo político pela frente, mediado por um conjunto de fatores – entre
os quais o desempenho da economia – para que o desenho do pleito presidencial
se configure.
Demais,
não se pode julgar a priori que o PSB esteja determinado a se afastar da
coalizão governista, tampouco que o ingresso do governador de Pernambuco no rol
dos candidatos venha a dar o fôlego que a oposição espera. Há divergências de
fundo entre socialistas e tucanos; e Eduardo jamais se pronunciou contra a essência
dos rumos adotados pelo governo, restringindo-se a reclamos sobre os índices
econômicos e, setorialmente, sobre certas medidas, como a desoneração fiscal
temporária para setores da indústria e suas repercussões sobre o FPE e o FPM.
Em
outras palavras, na hora da disputa propriamente dita, os campos estarão claramente
delimitados.
Por
hora, quem não se deixa pautar pelo consórcio grande mídia/partidos de
oposição, tem mesmo é que colocar na ordem do dia o debate de fundo em torno do
projeto de desenvolvimento do País.
Por
exemplo, quando se questiona o alcance limitado das medidas emergenciais do
governo para socorrer as áreas assoladas pela seca, com boa dose de razão, há
que se introduzir a discussão das reformas estruturais necessárias a destravar
plenamente o desenvolvimento com inclusão social, distribuição de renda e sustentabilidade
ambiental. Fora disso, é se assustar com manchetes e notas plantadas em colunas
de jornal.
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