O que falta para
Temer cair?
Luciano Siqueira,
no Blog da Folha
Maduro, exalando mau cheiro – mas ainda não caiu. Assim
é Temer, que a todo custo procura se sustentar.
Menos de 10% da população o vê com bons olhos, a
esmagadora maioria – índices recordes – o rejeita.
Sua base parlamentar e partidária se esgarça e bate
cabeças no quesito encaminhamento das reformas antipopulares.
O núcleo palaciano – ou seja, seus ministros mais
próximos – se vê acossado por repetidas denúncias de corrupção.
No ar, a expectativa ameaçadora de uma nova e
bombástica revelação envolvendo o presidente ilegítimo.
Assim mesmo, o governo tenta a todo custo aparentar
normalidade e seguir adiante.
Até quando? Depende.
Embora a rejeição extrema coloque o povo contra o
governo e parcelas organizadas e mais ativas empunhem a bandeira das
diretas-já, as rédeas do processo permanecem com a maioria governista no Senado
e na Câmara – que persiste como palco principal das démarches. Isto no que se
refere à formula pela qual o presidente deva cair.
A hipótese de uma solução via TSE, mediante a
cassação da chapa Dilma-Temer, parece afastada com a retórica declaração de
Gilmar Mendes, que exime o Tribunal da responsabilidade de solucionar o
impasse, sugerindo, inclusive, que um dos ministros poderá pedir vista e o
processo assim se estenda ad infinitum.
Pelo andar da carruagem, dois imbróglios carecem de
solução: a escolha de um candidato unitário para as eleições indiretas; e o
modo como afastar Temer e lhe assegurar imunidade.
Fernando Moraes, em seu blog Nocaute, registra a
tentativa de um “acórdão” lastreado nos seguintes pontos:
Temer sairia logo, evitando a eventual convocação
de eleições diretas já para presidente da República. Em seu lugar, um governo
de maioria tucana, no qual Henrique Meirelles seria substituído no Ministério
da Fazenda por Armínio Fraga. Preservar-se-ia a mulher e a filha de Eduardo
Cunha (Moro já deu o primeiro passo) para garantir o seu silêncio.
Mas não há consenso a respeito do nome que seria
eleito indiretamente. Nem como evitar uma futura prisão de Temer. Alguns sugerem
um indulto.
Como se vê, mesmo no Congresso, onde os golpistas
têm larga maioria, a coisa continua complexa.
Enquanto isso, a economia afunda e os males sociais
se ampliam aceleradamente.
Nesse contexto, campanha pelas eleições diretas
precisa ganhar força. Já.
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