Duas trincheiras em cenário de crise
Luciano Siqueira
Certamente um dos traços mais marcantes da realidade brasileira imediata é a mediocridade.
Luciano Siqueira
Certamente um dos traços mais marcantes da realidade brasileira imediata é a mediocridade.
Ou seja, quase ninguém enxerga para além
do próprio nariz. Vale para a presidência da República, para as principais
instâncias do Judiciário e para o Parlamento. O casuísmo imediatista é a regra.
Tudo gira em torno da profusão de
delações ditas premiadas — sem que se separe o joio e o trigo, erroneamente
considerando que a palavra do delator dispensa provas — e suas repercussões no
Palácio do Planalto e no Congresso Nacional.
Mesmo o Judiciário, que na atual
conjuntura detém a iniciativa política e que, no dizer do ministro Fux, do STF,
seria "a única instituição apta a promover a superação da crise" (não
apoiado!), tudo indica que sofrerá o impacto dos tais áudios do pessoal da JBS
e, na mesma vala, dos cadernos de notas de outros delatores.
Segundo a colunista Mônica Bérgamo,
sempre bem informada, o ministro Gilmar Mendes estaria dando como certo que em
algum momento terá sido grampeado em conversas com o advogado da JBS e um dos
irmãos Batista.
Essa é uma das trincheiras mais
movimentadas no cenário crítico que atravessamos.
Na outra trincheira, nem sempre visível
ou obscurecida pelo ininterrupto tiroteio em torno dos supostos ou verdadeiros
casos de corrupção, trava-se a batalha realmente decisiva para os rumos do
país.
Temer e seu grupo, guardando absoluta
fidelidade ao Mercado e à elite oligárquica tupiniquim, segue a agenda
regressiva e antinacional, com destaque para o programa de privatizações de
conteúdo nitidamente lesa-pátria.
Isso implica, da parte das oposições o
combate consistente e firme, seja na esfera parlamentar, seja nos salões, nas
redes e nas ruas.
Entretanto, as forças sociais e
políticas situadas na oposição ainda não ultrapassaram uma fase, digamos,
primária — cada uma reage como pode e da forma que considera imediatamente
viável.
Mas urge ampliar o debate no terreno
das ideias com vistas à construção de um ideário comum que sirva de bandeira à
arregimentação de amplos segmentos da sociedade em torno de um projeto político
eleitoral viável em 2018.
Esse
debate antecede a definição de candidaturas presidenciais, que quando postas –
como a de Lula, desejada pelo PT – devem ser tratadas como “pré” e levadas à
mesa dos entendimentos, impreterivelmente associadas a propostas de superação
da crise.
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