08 setembro 2017

Voz de mulher

Resistência
Tuca Siqueira, no Facebook

Hoje o dia começou mexendo comigo. Logo cedo desejei força a uma colega na defesa de sua tese de doutorado sobre mulheres fotógrafas no Recife, seus enfrentamentos e resistências. 

Depois de gravar a mensagem eu caí num longo choro... Ok, melhor deixar correr, né?

Como é doce e doloroso falar do nosso processo de formação, da carreira e do mercado quando se é mulher.

Quanta paixão, quanto esforço duplicado, quantas provas, tolerância redobrada, quantos muros derrubados.

Como é tudo tão mais difícil pelo simples fato de ser mulher. Só isso.

O choro vem porque é duro lembrar daquela relação em que teu companheiro te sabotou profissionalmente até onde pôde. O quanto você foi menos e quanto tempo e energia você perdeu querendo ser apenas você.

É triste lembrar daquele chefe ou colega de trabalho que se dedicou tanto a negar a tua capacidade, de quantas vezes se ganhou menos, se escutou e se compartilhou pouco. 

Tantas e tantas sobras das nossas vidas pessoais trituradas, esmagadas e digeridas nas nossas carreiras profissionais.

Quando uma mulher produz uma fotografia ou realiza um filme, ela transforma essas sobras em cajado. Com esse cajado ela caminha em direção a um horizonte que, quando não existe, ela logo trata de desenhar.

Nos últimos meses fui procurada por pesquisadoras de graduações e doutorados. Eu só queria dizer que registrar essa produção feminina no cinema e na fotografia, assim como em outras áreas, é parte das nossas "pequenas" revoluções de cada dia. 

Mulheres investigando a produção feminina e diminuindo pouco a pouca essa tal de invisibilidade que insiste em caminhar com a gente. 

Deixe estar que a construção dessa memória é a nossa grande revolução!

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2 comentários:

Shirley Ferreira disse...

Bela reflexão Tuca querida! Isto se repete em todas as áreas. No mundo público, nós, mulheres, temos que estar sempre buscando o reconhecimento e provando nossa capacidade em um trabalho permanente e energético, muitas vezes solitárias, mas como você mesma disse: "a construção da memória é a nossa grande revolução". Avante na luta por mundo mais justo e igualitário, que possamos vivenciar dias melhores e avanços consolidados nas relações de gênero. Um grande beijo!!

Cila Cordeiro disse...

Como é bom ler a Tuca.
Dá uma alegria e um orgulho imenso.
Ela vive a vida e compartilha o seu percurso, nisso, registra fatos e busca a compreensão.
Dá compreensão, virão as soluções.
Tuca sucesso em sua busca por igualdade.