Ciro
e Haddad, conversar é indispensável
Walter Sorrentino
Boa
a iniciativa de Ciro e Haddad irem ao encontro com Delfim Netto e Bresser
Pereira. Ciro afirma que “combinamos que o que tem de ser feito é dar toda
força às nossas direções nacionais e às nossas Fundações, que já estão operando
juntas, com documentos conjuntos e análises de conjuntura e seguiremos trocando
ideias sobre essas coisas. Nada de chapa”. Haddad, por sua vez, que é preciso
manter fluidas as relações entre os partidos de esquerda e centro-esquerda. E
arremata que também com Manuela e Boulos isso vem se verificando.Custa a crer
que alguém, afora as forças conservadoras, possa ter dúvidas quanto à
necessidade e correção disso.
Como
se sabe, essas forças deram um grande passo ao elaborar um Manifesto assinado
pelas Fundações do PCdoB, PT, PDT e PSOL – também com participação, embora sem
endosso, do PSB – há pouco tempo. É a base para uma convergência programática
para tirar o país da crise apontando para um projeto nacional de
desenvolvimento consistente, articulado e sistêmico, soberano, democrático e de
inclusão social plena. Com ele – e com a determinação da maioria dos
brasileiros – é possível tirar o Brasil da condição de um país semiperiférico
nas cadeias de valor globais e divisão internacional do trabalho, levando-o a
novo patamar civilizatório.
Incrível
é que se trata da primeira vez na história desde a ditadura de 64 que as forças
de esquerda e centro-esquerda logram um pacto formal com essa consistência
programática. Ele dá ensejo a outros passos de entendimentos em comum para as
eleições de outubro, visando a assegurar a presença no 2º turno e ousar vencer.
A resistência ao atual estado de coisas no Brasil logrou êxitos substantivos quanto à análise que fazemos neste campo político. Mas de nada vale ter forças – cerca de um terço da sociedade – se se permite que sejam sitiadas nessas fronteiras.
A resistência ao atual estado de coisas no Brasil logrou êxitos substantivos quanto à análise que fazemos neste campo político. Mas de nada vale ter forças – cerca de um terço da sociedade – se se permite que sejam sitiadas nessas fronteiras.
O
entendimento progressivo é necessário, respeitando o tempo político de cada uma
dessas forças e a legitimidade de suas candidaturas, os objetivos partidários
necessários para assegurar ampla bancada de parlamentares no Congresso
Nacional. As eleições estão aí logo mais, mas até agosto, quando se fazem os
acertos finais, muita água vai rolar, o quadro vai decantar em quase todas as
suas variáveis, tanto no nosso lado quanto do lado de lá.
Manter
abertas as portas do entendimento não enfraquece este ou aquele, ao contrário,
fortalece nosso projeto comum em alcançar de fato o povo, com saídas críveis e
viáveis para a crise, falar de solução aos problemas agudos do cotidiano,
abrindo novas esperanças no futuro. Uma opção frentista sempre é melhor unir
vastas forças, para resistir e lutar contra o arbítrio e a exceção, pela
democracia e pela Constituição de 1988, unindo sobretudo os movimentos
populares em ação e as forças progressistas.
Se
desse combate comum na resistência ativa nascer uma alternativa mais coesa para
as eleições, aumentam as chances de liderarmos a reconstrução da nação. Os
justos interesses partidários não devem nem precisam se sobrepor aos interesses
do Brasil, da democracia e dos direitos do povo. São necessários convergência
de objetivos e pactuação progressiva entre nossas candidaturas, sem
hegemonismos nem vetos. A hora é de destravar esses caminhos.
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