Os nômades forçados e
a negação da política
Luciano Siqueira, no Blog da Folha
Findando a segunda década do século 21,
celebram-se conquistas da ciência e da tecnologia em todas as esferas da
pesquisa e da inovação.
O aporte de novas tecnologias aos
processos produtivos, por exemplo, elevaram enormemente a capacidade de se
produzir mais e melhores mercadorias em menor espaço de tempo.
Assim como se aprimora extraordinariamente
a capacidade humana de extrair o melhor desempenho da agricultura e espaços reduzidos.
Isso para acentuar a possibilidade real
de se diminuir a jornada de trabalho dos que atuam na produção e nos serviços,
permitindo ao trabalhador mais tempo para sua evolução intelectual e para o
lazer.
Entretanto, a lógica do capitalismo se mantém
centrada na busca do lucro máximo via extração da mais-valia relativa e
absoluta.
Ao invés da democratização das
oportunidades e do bem estar, a acelerada concentração da produção e da
riqueza.
Assim, segundo estudo da Oxfam, a riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da
população mundial equivale à riqueza dos 99% restantes.
Um mundo de
contradições e carências implica na disputa desenfreada por fontes de energia,
o petróleo em especial, e mergulha em conflitos regionais crescentemente
sangrentos.
Nesse
contexto, o relatório Tendências Globais, da ONU assinala que há hoje em nosso
Planeta 68,5 milhões de pessoas deslocadas de
suas áreas de origem, o maior número em 7 décadas.
No ano passado, 2,9 milhões de
pessoas se tornaram refugiadas. São nômades forçados.
Daí a crise de valores e de perspectiva,
que atinge quase toda a Humanidade.
E numa economia global em crise
sistêmica e estrutural, que se arrasta desde 2008, sem sinais de superação
real, ocupa o comando de tudo precisamente o capital financeiro internacional,
que ao mesmo tempo engendra a crise e adota "saídas" consonantes com
seus próprios interesses.
Aí está a causa primordial da campanha
mundial de descrédito na política.
Em toda parte, utiliza-se de fatos
negativos reais — como a prática da corrupção institucional — para alardear a
falsa ideia de que pela via política não se resolvem os problemas que afligem
toda a sociedade
Mas é precisamente através da política
que se formam pactos sociais e políticos, e os modernos "donos do
mundo" não têm o que oferecer além da preservação do status quo. Então, que
se elimine a política como forma de negociação dos conflitos.
Nessa matéria, o que ocorre no Brasil
dos nossos dias é parte desse drama mundial.
Resistir é preciso. Sempre.
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Um comentário:
Este ano votarei no sinclair lopes
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