As eleições são o centro de gravidade da luta
política
Uma exposição de Renato Rabelo, presidente da
Fundação Maurício Grabois e membro do Comitê Central do PCdoB, marcou o início
do 7º Encontro Sindical Nacional do Partido, nesta quinta-feira (31/5), em São
Paulo. A pouco mais de quatro meses para as eleições presidenciais de 2018,
Renato avaliou que a “restauração da democracia” deve ser uma das bandeiras
prioritárias e imediatas da esquerda brasileira.
Por André Cintra, no Blog do Renato
“O centro de gravidade da luta política,
hoje, é a realização de eleições livres em 2018. Diante de um quadro tão
tenebroso e tão adverso, a eleição é a única saída para nós”, afirmou. “É a
tática em função de um objetivo estratégico.”
Na opinião do dirigente, passados dois anos do
golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff (PT), o consórcio conservador
que tomou o poder está em xeque. O governo Michel Temer (MDB) impôs ao Brasil uma agenda
ultraliberal, a serviço do capital financeiro. Mas a “profunda e grave crise
política, econômica, social e institucional” elevou a rejeição popular a Temer,
além de escancarar os limites do projeto golpista. “Nas eleições, eles terão
coragem de expor esse programa?”, questiona Renato.
“Esse consórcio fracassou, não entregou nada do
que prometeu. Há um escárnio completo contra esse governo”, agrega. Reflexo
disso é a dificuldade da direita em lançar uma candidatura presidencial única –
o que abre espaço para o crescimento de alternativas como Jair Bolsonaro. “A
direita está sem um candidato, a não ser o da extrema direita. Quando a direita
fracassa, surge a extrema direita para fazer demarcação – para propor a ordem e
o autoritarismo. É quase uma lei universal.”
Essa indefinição, por si só, não é o suficiente
para derrotar os conservadores ou garantir a volta das forças progressistas e
democráticas à Presidência. Renato pondera que, se a direita brasileira não tem
um candidato de consenso, a esquerda ainda precisa dar mais passos concretos
rumo à frente ampla. “É preciso superar as dificuldades de compor, organizar,
unir as nossas forças.”
São quatro pré-candidaturas que representam a
esquerda: Manuela D’Ávila (PCdoB), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes
(PDT) e Guilherme Boulos (PSOL). De todos esses partidos, diz Renato, até há
gestos na direção da unidade. Mas apenas o PCdoB não impõe a cabeça da chapa
como pré-condição para avançar na composição.
“Todos elogiam publicamente o PCdoB, mas querem
que a gente, de cara, abra mão da candidatura da Manuela”, afirma Renato.
“Temos um nome na disputa – aliás, um ótimo nome –, e o objetivo é manter a
candidatura. É só em função da unidade – e não de um projeto específico de
outro partido – que podemos abrir mão.”
O dirigente completa: “A unidade nunca foi tão
necessária, ainda mais em nossa realidade, em que a luta deve ser de salvação
nacional. Não é uma questão de verborragia, de retórica. Para o PCdoB, desde
João Amazonas, a unidade sempre foi a bandeira da esperança”.
Postas tais ressalvas, Renato diz ter “grande
otimismo”. Cita o exemplo do manifesto “Unidade para Reconstruir o Brasil”,
lançado em fevereiro pelas fundações partidárias de PCdoB, PT, PDT e PSOL – a
fundação do PSB não assinou o texto, mas participou de sua formulação. Os
debates que culminaram na redação final levaram um ano, mas foram
“importantíssimos”, de acordo com o dirigente.
O trunfo do documento foi unir as fundações em
torno de uma ideia avançada – um novo projeto nacional de desenvolvimento. “É a
proposta comum que ganha força. Já estava no Programa Socialista do PCdoB, de
2009, e agora está textualmente dito no manifesto”, afirma Renato.
A seu ver, “não basta só a frente ampla. Sem um
projeto para o País como centro da convergência, ficaremos em dispersão, em
visões setorialistas.” Esse projeto sistêmico leva em conta a questão nacional,
com ênfase na soberania, na reforma do Estado brasileiro e na
reindustrialização. Além disso, o combate à desigualdade e a defesa da
democracia também sobressaem.
E as próximas etapas? “As fundações criaram um
lastro programático. Agora, o objetivo é ter lastro parlamentar, com uma frente
de partidos no Congresso Nacional”, avalia Renato. “Só daí poderemos vislumbrar
o passo decisivo, que é a frente eleitoral.”
Tais fases e avanços pressupõem, claro, a
concretização do pleito em outubro. “O que podem fazer é truncar as eleições de
2018 – tudo para impedir que o poder saia da mão deles”, alerta o presidente da
Fundação Maurício Grabois. “Já que o governo tem mais de 90% de rejeição, por
que não unir amplos setores contra ele? Cabe à oposição, em especial ao PCdoB,
liderar a luta de resistência, formar de fato uma frente ampla. Se unir só a
militância, só a esquerda, vamos facilitar o golpe sobre nós.”
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