Giulio Turcato
Razão e emoção em tempos
distintos
Luciano Siqueira
Inúmeras são as teses sobre campanha eleitoral. Com um risco recorrente: a tendência a "generalizar" certos fenômenos presentes numa disputa específica, como se tivessem status de lei objetiva...
Luciano Siqueira
Inúmeras são as teses sobre campanha eleitoral. Com um risco recorrente: a tendência a "generalizar" certos fenômenos presentes numa disputa específica, como se tivessem status de lei objetiva...
Aqui
na província, num dado momento houve a oportunidade factual do combate a uma
candidatura momentaneamente favorita através da "desconstrução" da
imagem do candidato, com resultado fulminante. O “alvo” era sabidamente
envolvido em situações condenáveis, incluindo a autoria material de um crime de
morte.
Desde
então alguns "marqueteiros" e atores políticos proeminentes passaram
a adotar como estilo tático permanente a fórmula "sangue e lama".
Nada
mais equivocado.
Agora
mesmo, a vitória da extrema direita no último pleito presidencial vem dado
ensejo a "teses" as mais estapafúrdias.
Uma
delas: hoje o povo não vota em candidatos que apresentem programas, há que se achar
um “mote” que sensibilize a maioria. Bolsonaro prometeu matar bandidos e liberar
o porte de armas. Venceu por causa disso (sic).
Nessa
mesma linha de superficialidade, há muita ansiedade — no seio da militância
oposicionista — quanto a uma desejada sincronia entre rapidez na queda de
popularidade do governo e do presidente e o ânimo combativo do povo.
Paciência,
gente. Razão e emoção caminham juntas, mas em ritmo diferenciado.
O
divórcio emocional entre a maioria do eleitorado e o presidente avança na
medida em que se acumulam "decepções" — como a subtração do cálculo
inflacionário no reajuste do salário mínimo, por exemplo.
A
reforma da Previdência, tal apresentada pelo governo, tem também um imenso
poder corrosivo.
Já a
reação consciente, traduzida em lutas coletivas amplas, ressurge
paulatinamente, na medida em que vai ficando claro o conjunto da obra.
A ação
oposicionista organizada pode ser o fator consciente a estimular a resistência
— sobretudo se convergente e unitária.
Mas aí
reside uma enorme limitação. A partir das forças de esquerda, muita energia é
gasta na exploração de divergências e na busca de uma desejada hegemonia, em prejuízo
da construção de uma plataforma comum.
Também
aí a ansiedade desconhece a distinção de ritmo entre a emoção e a razão.
Mas a realidade
concreta tende a falar mais alto. A pressão surda das ruas terminará arrastando
as forças organizadas para a luta. Como já aconteceu em outras conjunturas.
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