Os gênios
treinam muito
Tostão, na Folha
de S. Paulo
Em agosto de 2012, escrevi uma coluna com o título "O
país dos Neguebas". Na época, o jogador do Flamengo era
tratado como um futuro craque e se destacava pela habilidade e velocidade.
Negueba não evoluiu. Faltou a ele o principal, a técnica de um
grande meia-atacante. O Brasil estava e continua repleto de jogadores com essas
características.
A habilidade é a intimidade com a bola, é não perdê-la
facilmente, diante do adversário, às vezes, com belos dribles e efeitos
especiais.
A criatividade é a capacidade de antever e de surpreender.
A técnica é a execução dos fundamentos da posição (passe,
finalização, desarme, movimentação, visão coletiva e também o drible), além de
ter a lucidez de fazer as escolhas certas.
Não existe craque sem excepcional técnica. O talento é a síntese
da habilidade, da criatividade, da técnica e das virtudes físicas e emocionais.
A habilidade, a criatividade e a técnica começam a ser formadas
na infância e são aprimoradas durante a adolescência e as categorias de base.
Porém, a técnica, para se desenvolver, depende muito mais de orientação e de
treinamentos. Os gênios também treinam muito.
Jogadores extremamente hábeis e criativos, como Ronaldinho
Gaúcho e Maradona,
se tornaram grandes craques porque tinham também grande técnica.
Cristiano
Ronaldo é muito mais técnico que habilidoso. É o maior
finalizador do mundo. Messi é
mais completo, pois une habilidade, criatividade e técnica. É magistral na
armação e na conclusão das jogadas. Os dois treinam muito.
Gabigol é o jogador que atua no futebol
brasileiro que finaliza melhor. Porém, para bilhar na seleção brasileira, terá
de mostrar outras qualidades. Vinícius
Júnior só se tornará um craque se evoluir a parte técnica, pois
erra muito nas decisões.
A lista atual de jogadores que atuam no Brasil, hábeis e
rápidos, porém, com pouca técnica, é enorme. Quase todos os clubes, mesmo os
grandes, possuem pelo menos um.
David, do Cruzeiro, é forte, veloz, alto, hábil, mas, na hora do
vamos ver, falha. Uma das razões para a persistência dos resultados ruins com Rogério Ceni foi
a deficiência individual do elenco, ao contrário do que diz a maioria. Isso
fortalece o bom trabalho, na média, feito por Mano Menezes.
Em vez de Rogério Ceni, quem deveria ser demitida é a diretoria
do clube, incompetente e desacreditada.
Os hábeis, velozes e que têm boa técnica são os que vão e ficam
na seleção, como Everton,
do Grêmio. Repito, pela milésima vez, que falta ao time nacional, do meio para
frente, jogadores de excepcional técnica, que estejam no nível dos melhores do
mundo em suas posições. Neymar é
a exceção.
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