O futebol é complexo, nós é que tentamos simplificá-lo com racionalizações
Em algumas partidas, o
planejamento tático é determinante para a atuação e o resultado
Tostão, Folha de S. Paulo
São tantos
jogos que não sei quais vejo. Em algumas partidas, pode-se afirmar, com
convicção, que o planejamento tático, feito especialmente para aquele momento,
foi determinante para a atuação e/ou o resultado, embora as decisões em campo
sejam fundamentais. Os atletas são os avalizadores dos treinadores.
É óbvio que,
para se formar um grande time, é preciso ter excelentes jogadores e um bom treinador.
É evidente também que os craques brilham mais quando atuam em equipes com bom
conjunto.
Na goleada por 5 a
0 do Palmeiras sobre o Independiente del Valle, os planos de Abel Ferreira de
pressionar, de recuperar a bola e de enfiá-la, rapidamente, entre os zagueiros
adiantados, foram decisivos. Isso não significa que, sempre que os dois times
se enfrentarem e usarem a mesma estratégia, vai ser dessa maneira.
O Grêmio, nas
duas derrotas para o time equatoriano, pela
Libertadores, teve também chances, pelo mesmo motivo, mas não
aproveitou, por erros individuais. Cada partida tem sua história, já disseram
os ingleses, há quase 150 anos, em 1863, quando fundaram a primeira associação
de futebol do mundo.
Como o
Palmeiras prioriza demais o contra-ataque, pois tem jogadores com
características para isso, o time fica confuso, perdido, quando não é possível
jogar assim. É uma das razões de alternar ótimos e maus resultados e atuações.
Na vitória por 2 a
1, de virada, do Manchester City sobre o PSG, a estratégia dos
franceses de esperar para contra-atacar, que tinha dado certo contra o Bayern,
não funcionou bem, especialmente no segundo tempo. O Manchester City dominou a
partida e tomou facilmente a bola, embora os dois gols tenham saído de lances
isolados, e não porque o ataque envolveu a defesa do PSG.
Na terça-feira
(4), mesmo que os times mantenham a mesma estratégia e escalação, a história do
jogo pode ser outra. Penso que o City, que dá um show de jogo coletivo, em vez
de só ter armadores do meio para frente, ficaria ainda mais forte e faria mais
gols com pelo menos um atacante mais rápido, que se infiltrasse para receber a
bola na frente, como Gabriel Jesus, Sterling ou Agüero. Os três têm ficado
fora.
Nos dois jogos
pelas semifinais da Liga dos
Campeões da Europa, os quatro times deram aula para os treinadores
brasileiros de como adiantar a marcação e deixar menos espaços entre os
setores, com os zagueiros posicionados entre a grande área e o meio-campo. Para
isso, é necessário ter também um goleiro rápido e atento.
Um time ganha
e perde e joga bem e joga mal de várias maneiras.
A moda é
elogiar excessivamente o esquema com três zagueiros, como têm jogado
São Paulo, Palmeiras e várias equipes da Europa. O São Paulo não tem
vencido somente porque joga com três zagueiros e dois ótimos alas. A equipe,
entre outras qualidades, pressiona e recupera rapidamente a bola.
Daniel Alves,
que foi o principal jogador do meio-campo, centralizado, com Fernando Diniz,
está ainda melhor como ala-armador, pelo lado e pela meia direita. Se a Copa
fosse hoje, teria de ser titular da seleção.
Com três
zagueiros, o time pode ficar mais ofensivo, se tiver alas e jogadores de
meio-campo que avancem com talento, ou mais defensivo, se os alas marcarem
muito atrás, formando uma linha de cinco. Nessa situação, troca-se um meia ou
um atacante por mais um defensor.
O futebol é
muito complexo. Nós é que tentamos simplificá-lo, com nossas racionalizações e
pretensiosos conhecimentos.
.
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