O aprofundamento das desigualdades na última década tornou menos palpável o sonho americano, a ideia de que sucesso e prosperidade estão acessíveis a todo mundo, basta se esforçar.

"Hoje, pra muita gente, o pensamento é: 'Não vem com essa de esforço não! Eu me esforço faz décadas e nada está acontecendo'", ilustra o professor.

É um sentimento que gera pessimismo, e que é explorado por Donald Trump com uma promessa de retorno ao passado — não por acaso, seu slogan de campanha é Make America Great Again ("Faça a América grande de novo", em tradução literal).

Nesse sentido, a profunda polarização que dividiu os EUA na última década também afeta a percepção do eleitor, a depender em que lado ele está, diz Pedro Azevedo, da AtlasIntel.

Ele usa como exemplo o próprio tema da economia. No dado agregado, 28% dos entrevistados pelo instituto avaliam a situação como boa, e 53%, como ruim.

Quando se olha apenas para democratas, 57% avaliam positivamente a economia e 14% dizem que ela vai mal; já entre republicanos, apenas 5% dizem que a economia vai bem, enquanto 88% analisam negativamente.

É natural que eleitores tendam a avaliar negativamente partidos de oposição, mas esse nível de polarização, diz ele, é algo recente, da última década, e também ajuda a explicar o mau humor dos americanos com a economia.