Brasil e Malásia avançam para criação de fábrica de chips, diz Luciana Santos
Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, afirmou ao Brasil de Fato que parceria entre os países caminha para formar uma joint venture de produção de semicondutores
Murilo da Silva/Vermelho
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, indicou que o Brasil e a Malásia avançaram para a criação de uma joint venture (parceria comercial entre empresas) para a produção de chips. A afirmação foi feita em entrevista ao Brasil de Fato (BdF), durante a passagem da comitiva brasileira por Kuala Lumpur, capital malaia.
Liderada pelo presidente Lula, a viagem teve grande importância para o fortalecimento de acordos bilaterais e de parcerias estratégicas em inovação na área de Ciência e Tecnologia.
Na entrevista, a ministra ressaltou que a produção de semicondutores (chips) é estratégica e o Brasil, por deter tantas potencialidades minerais, deve estar bem-posicionado nesta cadeia global.
Nesse sentido, ela apontou que o governo Lula reverteu o processo de privatização do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), iniciado no governo Bolsonaro. A iniciativa visa reforçar a soberania brasileira na área e movimentar empresas privadas, como a que pretende unir a Tellescom com empresas da Malásia para a produção de semicondutores.
“É uma experiência muito promissora. Pode até se transformar em uma joint venture, que não foi anunciado aqui, porque está em construção. Mas aí, para vocês, eu já digo assim, de primeira mão, que há uma construção nessa direção, de fazer uma joint venture entre a Tellescom e a empresa malasiana”, anunciou Luciana durante a entrevista.
O modelo de joint venture pode envolver a criação de uma nova empresa ou apenas um acordo de cooperação entre companhias já estabelecidas.
Segundo Luciana, os acordos firmados também trarão benefícios para o Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Parque Tecnológico Eldorado, a Associação Brasileira de Microeletrônica e a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica.
“Das cinco cooperações, dos cinco memorandos e acordos que o presidente Lula fez na Malásia, três deles foram do nosso ministério. Além do Inpe, do Eldorado, a gente também tem a participação efetiva do CTI Renato Archer, que é vinculado ao nosso ministério e fica em São Paulo, e é parte do ecossistema que está envolvido nesse processo. E a Mimos, que é o Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento da Malásia, na área de semicondutores, de microeletrônicos em geral”, afirmou.
Classificada como “rota tecnológica” e com engenheiros brasileiros já sendo treinados, a ministra revela que serão trocadas experiências para a validação recíproca de chips produzidos pelo Brasil com carbeto de silício e pela Malásia com nitreto de gálio.
Terras raras
Sobre as terras raras do país, Luciana salientou ao BdF a decisão do presidente em criar um Conselho Nacional de Terras Raras e pontuou que o governo tem se preparado para fazer um grande levantamento sobre as reais possibilidades na área.
“Tudo em volta da gente tem ali um elemento de terras raras. Então, do que a gente conhece, se calcula que a gente tenha 50 milhões de toneladas de óxido em terras raras”, destaca, ao lembrar que os 17 elementos químicos considerados raros, os lantanídeos, têm propriedades ópticas e magnéticas, com uso, principalmente, em smartphones, motores e baterias.
A ministra e presidenta nacional do PCdoB ainda explicou que três estados têm a maior concentração dessas reservas: Amazonas, Goiás e Minas Gerais.
Atualmente, a reserva mais explorada é em Goiás, pela mineradora Serra Verde, considerada a única produtora em escala fora da Ásia de quatro elementos críticos para produção de ímãs permanentes: neodímio (Nd), praseodímio (Pr), térbio (Tb) e disprósio (Dy).
Sobre Minas, Luciana comentou que o governador Romeu Zema colocou à venda o Laboratório-Fábrica de Ligas e Ímãs de Terras-Raras (LabFabITR) ligado à Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge). Porém, felizmente, a Federação da Indústria de Minas Gerais (Fiemg) comprou a fábrica e repassou ao Senai. “A gente ficou bem aliviado com essa solução”, disse a ministra.
[Se comentar, identifique-se]
PCdoB: um projeto em movimento pelo Brasil https://lucianosiqueira.blogspot.com/2025/10/walter-sorrentino-opina.html

Nenhum comentário:
Postar um comentário