A hora e a vez do governo de coalizão
Por Luciano Siqueira - Vice-prefeito do Recife
O presidente da República não chegou onde está sem méritos incontestes. Isso ninguém pode desconhecer. É, sem dúvida, a maior liderança popular da História do Brasil, à qual só se compara a de Luis Carlos Prestes nos anos 40 e 50.
Mas entre os méritos do presidente falta acrescentar – e só ele pode fazê-lo – um que vem a ser precisamente um atributo irrecusável do bom governante: a capacidade de decidir com pulso firme e em tempo hábil sobre assunto polêmico e sob pressão.
O leitor pode até achar que é pretensão em demasia esse escriba - modesto aprendiz de gestor público cá na província - fazer reparos à conduta do presidente. Não é bem um reparo, antes uma constatação.
O desenrolar da recente disputa pela presidência da Câmara é um bom exemplo. Não que o presidente devesse interferir indevidamente sobre uma peleja que, de acordo com a Constituição, diz respeito a um Poder autônomo e independente. Mas era óbvio que aele, pelo menos na condição de presidente de honra do PT e de líder de uma ampla coligação partidária, poderia ter feito gestões hábeis e oportunas no sentido de quea unidade da base governista prevalecesse. A candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB) poderia ter sido removida, pela via do entendimento, jamais da imposição; ou poderia ter permanecido, com a anuência dos petistas, se um consenso tivesse se estabelecido. Por outro lado, pelo mesmo método, se poderia ter construído a alternativa Arlindo Chinaglia (PT) sem o viés do rolo compressor do partido hegemônico, nem um certo laivo de desafio ao próprio presidente.
Agora, sobre o rescaldo de uma disputa que poderia ter sido evitada, coloca-se na ordem do dia a formatação do novo ministério. E as pressões, legítimas ou não,advindas dos onze partidos reunidos em torno do governo, já se fazem muito fortes. O que põe o presidente diante do desafio de decidir, ou seja, de compor o primeiro escalão do governo, com equilíbrio e paciência, mas com pulso firme no sentido deresguardar a concepção do governo de coalizão, amplo e plural.
É o que se espera do presidente. Pois em toda frente política, social e partidária - especialmente quando ampla e muito heterogênea, como esta - alguém há que se impor como árbitro e líder. Nesse caso, a responsabilidade do presidente Lula é intransferível. Dele depende a confirmação de que realmente chegou a hora e a vez do governo e coalizão
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