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Serenidade, paciência e bom senso
Luciano Siqueira
Devia escrever sobre os problemas da cidade. Mas permitam, editor e leitores, um registro pessoal que me parece oportuno a apenas dezessete dias da Convenção Eleitoral do PCdoB.
Pessoal, vírgula. Melhor explicar: a palavra do pré-candidato faz-se necessária porque para ele convergem idéias, energias e vontades coletivas; porém jamais com a intenção de tratar o assunto por um viés meramente individual.
Qual é a questão? É o conflito entre duas possibilidades: a da manutenção de nossa candidatura; e a de sua retirada. Dúvidas e discrepâncias alimentam o dilema, que por isso mesmo é abordado no plano das idéias – ou seja, da análise concreta da situação.
E a situação é a seguinte. Há um ano se discute a hipótese de mais de uma candidatura dentre os partidos que constituem o “campo governista” no Recife, a partir de determinada avaliação da correlação de forças que se desenha. São pelo menos cinco candidatos de oposição imbuídos do propósito de levarem o pleito a um provável segundo turno. O alvo de todos é a atual gestão – que, representada por apenas um candidato, atrai naturalmente o fogo concentrado dos adversários; mas se concorre com mais de um, tem pelo menos a chance de melhor posicionar suas linhas de defesa e de buscar junto ao eleitorado, por caminhos diversos, o necessário acúmulo de forças para a vitória no turno seguinte.
Essa uma das principais razões, ao lado de muitas outras igualmente relevantes, de haver prosperado até hoje a pré-candidatura do PCdoB, em que pese a quase totalidade das legendas partidárias aliadas terem se ajuntado em torno da candidatura do PT. Fizeram a sua opção sem, entretanto, negarem explicitamente a necessidade de mais de uma candidatura.
Agora é tempo de uma decisão definitiva. Nossa pré-candidatura - que jamais se apresentou como pleito pessoal ou exclusivo do PCdoB, sempre esteve vinculada ao interesse do conjunto das forças aliadas – é posta em causa. E passa pelo crivo partidário e dos qualificados e influentes círculos de amigos que se mostram dispostos a uma solidariedade ativa. Um dos critérios de avaliação é, obviamente, a avaliação do conjunto dos partidos aliados sobre a real necessidade da permanência.
O diálogo com o PT e com o deputado João da Costa (ele expressando a vontade de seu partido e provavelmente interpretando o pensamento dos partidos que o apóiam) tem esse sentido. Por isso está correta a postura assumida pelas direções estadual e municipal do PCdoB de ouvir com abertura e atenção as ponderações do aliado e de considerar criteriosamente a gama de variáveis que conformam o atual cenário pré-eleitoral.
Este que lhes escreve, antes de tudo um militante, espera de todos os que acompanham com atenção e interesse o desenrolar de nosso trabalho muita serenidade, paciência e bom senso.
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