07 junho 2008

Opinião de Sérgio Augusto

Os telegramas de Lula confirmam sua linha de governo
Sérgio Augusto Silveira*
sergioaugusto_s@yahoo.com.br

O mais recente fato da política no continente americano merece nossa atenção. A divulgação, pelo governo norte-americano, dos simpáticos telegramas diplomáticos enviados pelo então recém eleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente Bush, em 2002, representam não só mais um lance da estratégia para isolar o chavismo e seus seguidores no continente.

Serve também para conhecermos até que ponto chegaram os cuidados do novo governo de esquerda brasileiro para evitar o que aconteceu em 1964, quando a ação direta dos Estados Unidos foi decisiva para a instalação de uma ditadura no País. Ditadura que durou 20 anos.

Até parece que a Casa Branca resolveu comemorar os 44 anos do golpe no Brasil ao liberar esses documentos, coisa que certamente o presidente brasileiro não esperava. No entanto, essa divulgação – através do jornal “Valor Econômico”, da família Marinho – chega para corroborar a postura do governo do PT em se tratando das relações com o governo Bush e todos os investidores estrangeiros.

Aos telegramas simpáticos à política norte-americana seguiram-se medidas econômicas que confirmaram a orientação do governo anterior e evitando um confronto com a dinâmica capitalista, de conseqüências incalculáveis. Rapidamente os temores iniciais dos investidores nacionais e estrangeiros – de que à eleição de Lula se seguiria um furor estatizante, uma marcha coletivista rumo ao socialismo – esses temores desapareceram.

O contrário se sucedeu. Vemos aí a ampliação dos investimentos, o crescimento do consumo, a presença maior do Brasil diante dos gigantes econômicos. Tudo, hoje, existindo como se fosse conseqüências daqueles amáveis telegramas iniciais. Tudo bem, são conseqüências mesmo.

E uma delas é a serena e pacífica reeleição do presidente Lula em 2006. É como se os investidores e governos dos países centrais tivessem dito: o Brasil tem uma administração responsável, realista, nenhum pouco sonhadora e que mantém o país aberto para o mundo. Daí a serenidade diante dos números eleitorais da reeleição.

Levando tudo isso em conta, chegamos à conclusão de que este governo da República tem como uma de suas principais virtudes a coerência. Alguns preferem dizer obediência. O vencedor continua ocupando o Palácio do Planalto para atender a tradição administrativa e a ideologia econômica que caracterizou o País ao longo do século XX.
* jornalista

O experiente jornalista Sérgio Augusto, arguto observador da cena política, nos enviou essa colaboração no dia 13 de maio. Com a agenda superlotada de múltiplas tarefas só hoje pude ler a sua contribuição – que vai aqui transcrita na íntegra, embora não corresponde plenamente à nossa opinião pessoal sobre o assunto. (LS).

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