01 novembro 2010

Meu artigo semanal no site da Revista Algomais

Saber ganhar, saber perder
Luciano Siqueira


É assim ao final de toda grande guerra, onde os oponentes vão até o desenlace medindo forças em confronto inarredável. Proclamado o vencedor, é preciso ao vitorioso saber vencer; ao derrotado, saber perder.

Dilma Rousseff, em seu breve pronunciamento ontem à noite, não apenas reafirmou compromissos estratégicos para com o desenvolvimento do País em bases sólidas, duradouras e ambientalmente sustentáveis, com distribuição de renda e erradicação da miséria. Praticou também, um gesto de grandeza para com os seus opositores – tanto na esfera partidária, como na grande mídia.

Poderia ter se omitido e talvez não fosse cobrada por isso, ainda no calor do derradeiro confronto. Mas preferiu posicionar-se como chefe de Estado, a quem cabe governar o País e não perder-se em querelas que, ainda que relevantes, não devem obstaculizar sua ação de governo. A estender a mão aos partidos de oposição, assegurando que governará sem discriminação de tipo algum; e ao sublinhar o papel da imprensa, a quem reputou uma contribuição importante ao processo democrático (sem deixar, contudo, de se referir aos constrangimentos de que foi vítima durante a campanha), a presidenta da República sinalizou a necessidade de união e de convivência democrática para que flua exitoso um consistente projeto nacional de desenvolvimento.

Na outra face da moeda, o candidato derrotado José Serra revelou-se pequeno. Apenas um protocolar cumprimento à presidenta eleita. E o anúncio de que não dará tréguas ao novo governo - um flagrante desacordo com a tradição política e cultural brasileira, que recomenda aos que estão fora do poder um mínimo de cautela diante dos que governam, no início de uma nova administração. E ainda mostrou-se duplamente rancoroso: ao atacar o PT e ao excluir, dentre as personalidades de sue partido que teriam contribuído em sua campanha, o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves e mesmo o incômodo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Sinal de que pretende prosseguir de imediato na luta fraticida no interior do seu partido.

Saber ganhar, saber perder – mais do que uma questão de sensibilidade e de grandeza pessoal, é também ciência e arte. Porque se aprende com a vida, em especial na arena política. A História tem premiado os que souberam fazer da derrota substrato de uma vitória posterior. E tem sido implacável para com os que recusam o aprendizado da derrota.

Um comentário:

joana sanguinette disse...

"Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.joana sanguinetti