11 novembro 2010

Minha coluna semanal no portal Vermelho

Dilma Rousseff, João Amazonas e Miguel Arraes
Luciano Siqueira


Não sei em que nível mantiveram algum contato a presidenta eleita Dilma Rousseff e esses dois líderes de presença marcante na História recente do Brasil, João Amazonas e Miguel Arraes. Mas há uma linha de convergência entre o pensamento dos três.

Vejamos. Amazonas, que presidiu por décadas o Partido Comunista do Brasil, foi um ideólogo da centralidade da questão nacional, no atual estágio da luta política e social no Brasil e no mundo, na perspectiva do socialismo.

Arraes, que pautou sua vida pública de mais de meio século por um nacionalismo consequente, sempre atualizado, guardava com os comunistas uma fina sintonia na abordagem do tema. Avançar nas conquistas sociais e democráticas, para ele, seria impossível sem a afirmação do Brasil como nação independente e soberana.

Dilma, em sua trajetória na gestão pública tem raciocinado na mesma direção. Enquanto ministra no governo Lula integrou a corrente dos que buscam soluções estruturais para os impasses da sociedade brasileira tendo como pedra de toque a questão nacional.

Daí soar natural e perfeitamente compreensível, na noite de 31 de outubro, que num discurso conciso, destinado a sublinhar os traços essenciais do seu futuro governo, a presidenta eleita tenha dado destaque ao tema.

“No curto prazo, não contaremos com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar nosso crescimento. Por isso, se tornam ainda mais importantes nossas próprias políticas, nosso próprio mercado, nossa própria poupança e nossas próprias decisões econômicas”, diz a presidenta eleita. Uma forma de caracterizar o caráter nacional do projeto de desenvolvimento no qual se empenhará.

Além disso, ela reafirma o compromisso com a inserção soberana do País no concerto internacional, quando afirma que, ao lado de propugnar a ampla abertura das relações comerciais, insistirá no “fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações”.

O Brasil de Dilma Rousseff será o mesmo do presidente Lula, mantendo uma postura altiva no âmbito de organismos internacionais, em defesa de “regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas”.

Amazonas e Arraes certamente assinariam embaixo.

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