Sobre a minha crônica "Perdão, Coelho Neto":
A sua autocrítica é procedente. Assim como Coelho Neto, existem muitos nomes esquecidos. Nomes que contribuíram para a formação cultural e intelectual da gente brasileira.
É sempre bom lembrar que o citadíssimo Platão, na Grécia antiga, já chamava a atenção para o culto à memória daqueles que procederam com exemplos marcantes, dentro do campo da criatividade e legando heranças, que só fazem adicionar ao crescimento de pessoas, de comunidades, de nações inteiras...
Enquanto aqui é lembrado o escritor e gestor público Coelho Neto, na minha área, gostaria de lembrar nomes da música brasileira e, em particular, da cena pernambucana. Quando eu ministrava aulas de história da música brasileira no Dep. de Música da UFPE, num dado momento fiz uma indagação à classe: quem, entre os alunos, conhecia obras do maestro Nelson Ferreira. Para minha surpresa, nenhum aluno conhecia sua obra, assim como nunca ouvira falar do maestro Nelson Ferreira. Aproveitei, então, para indagar sobre outros nomes que fizeram músicas entre nós, a exemplo de Levino Ferreira, o famoso Mestre Vivo. José Gonçalves Junior (Zumba), Felix Lins de Albuquerque, o indefectível Felinho, autor das famosas variações de Vassourinha. O próprio Lourenço da Fonseca Barbosa, este conhecido como Capiba. E o que dizer dos Irmãos Valença: João Vitor e Raul do Rego Valença, autores de páginas musicais admiráveis? Era mais fácil que nossos estudantes conhecessem John Lennon.
A ignorância da nossa juventude no que se refere à nossa música e músicos brasileiros se deve a uma mídia radiofônica, descompromissada com a formação cultural da maioria da população. Agem impatrioticamente pondo à margem nossos valores e, movidos ao que chamam de "jabá", as famosas propinas por baixo da mesa, propositalmente fazem questão em não conhecer os nossos valores culturais. A ignorância lhes favorecem.
Daí resolvi incluir um capítulo sobre a música dos compositores pernambucanos na disciplina de História da Música Brasileira, quando os alunos tiveram a oportunidade em conhecer nomes e obras de vários compositores do passado e do presente.
Como hoje me encontro em gozo de uma honrosa aposentadoria, não sabemos se nossa preocupação em destacar nossos valores musicais continua presente com os docentes e a juventude estudiosa da UFPE.
Urge fazer-se retomadas de projetos e histórias de vidas, por todos os exemplos que inúmeros próceres nos legaram através de suas obras.
É isso. José Amaro Santos da Silva
Um comentário:
Meu querido vice prefeito,Luciano Siqueira. Solicite a Fundação de6 Cultura para fazer uma honenagem a José Amaro,que muito faz pela cultura do Recife. Dia 10 de novembro,ele faz 80 anos. Faça essa gentileza.
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