Luciano Siqueira
Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Unir partidos em função de projeto comum não é fácil, aqui e mundo afora. Vide a instabilidade nos países da zona do euro, todos envoltos, de um modo ou de outro, em dificuldades políticas tão complexas quanto a crise econômica e financeira que os assola.
No Brasil dos nossos dias, a frente partidária que dá sustentação ao governo Dilma se constitui em grande proeza. Ampla, diversificada, plural. E tão necessária quanto ingente é a tarefa de conduzir o País no rumo do desenvolvimento.
Essa frente se expressa em certa medida nos estados, mas já aí com discrepâncias importantes. E quando se observa a esfera municipal, o perfil das alianças se faz multicolor, caleidoscópico. Porque a disputa pelo poder local não guarda relação de coerência automática com a convergência de interesses e propósitos nos âmbitos estadual e federal. O grau de amadurecimento das organizações partidárias, inclusive, contribui para isso.
Essa é a realidade concreta, sobre a qual trabalham todos os que desejam unir forças em prol de um projeto comum. E se o fazem com pés no chão, preparados devem estar para arrostar as dificuldades decorrentes de eventuais desencontros e divisões.
A tradução disso no pleito que se avizinha quer dizer que o bom senso, o equilíbrio e a maturidade política devem propiciar que se atravesse a peleja evitando-se que o entrechoque municipal implique fissuras irremediáveis nas alianças formadas no estado, assim como na base de sustentação do governo Dilma – isto do ponto de vista dos que a apoiam.
Há situações em que, por razões diversas, a conjugação de forças que se apresentava natural e tranquila dá lugar ao conflito. Vira problema político de primeiro plano, quando ocorre nas capitais ou em cidades grandes e médias. A partir daí, faz-se imperativo travar o embate, circunscrevendo-o ao terreno das ideias, ao confronto de projetos, ressalvando-se entretanto o ambiente indispensável ao restabelecimento da convergência no momento seguinte – seja no pós-eleitoral, seja mesmo num eventual segundo turno, quando é o caso.
A divisão momentânea não pode nem deve receber o carimbo da ruptura definitiva, se as correntes políticas em presença permanecem afinadas com o mesmo projeto nacional. Seria imaturo e inconsequente. Uma inversão de valores por todos os títulos prejudicial.
Olhemos o Brasil desses dias que antecedem as convenções partidárias, que têm prazo legal até o dia 30. Não são poucas as situações aqui postas em tese. Algumas seriam perfeitamente evitáveis, outras nem tanto. Mas pouco importa refazer o histórico do que passou. Cabe encarar a situação presente na perspectiva do projeto comum, mais largo do que a disputa imediata.
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