Tempo ruim, tempo bom
Luciano
Siqueira, no portal Vermelho
Não se trata
de simplificar o que é complexo, nem de tentar enxergar a realidade com lentes
cor de rosa.
O Brasil
atravessa situação momentaneamente difícil. O governo e as forças que lhe dão
sustentação, idem. Desde 2003, quando se iniciou o processo mudancista no País
com o primeiro governo Lula, este é o instante mais difícil.
Pela primeira
vez dá-se uma correlação de forças adversa.
O centro -
amplo, influente e hegemônico nas duas Casas do Congresso - representado
principalmente pelo PMDB, escapa à liderança do PT, principal corrente da
coalizão governista.
A
instabilidade é a marca em meio a uma múltipla crise - econômica, institucional
e, sobretudo, política.
Uma onda conservadora
ganha terreno através da agenda do Congresso Nacional e do Judiciário.
A economia,
submetida a um ajuste fiscal de base ortodoxa lado a lado com a política de
juros altos como instrumento antiinflacionário (sic), prossegue estagnada.
Demais, as
repercussões nefastas da crise global sobre os,países emergentes, a China
inclusive, continuam a descer sua mão forte sobre
O Plano Safra,
a possibilidade de investimentos pesados em infraestrutura - estradas,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos - e a fase 3 do Minha Casa, Minha Vida
surgem como hipóteses futuras de retomada do crescimento. No meio do caminho,
entretanto, há muitas pedras a remover – os juros altos inclusive.
Tempo ruim,
sem dúvida.
Tempo bom,
contudo, se o encararmos em perspectiva.
É que uma
variável de enorme dimensão permeia a cena mundial e a cena brasileira: o
capital financeiro hegemônico, que atua em todas as frentes feito um gás
venenoso a se infiltrar nas entranhas da sociedade e das instituições, não
oferece solução real para a crise.
Nem na Europa,
nem nos EUA, nem aqui.
Tem força para
prosseguir manobrando e impondo aos povos alternativas que concentram mais
ainda o capital usurário, inibem a produção e a oferta de oportunidades de
trabalho e a solução de problemas emergentes relativos às condições de vida da
população. Aprofundando a crise.
Trata-se de
uma guerra de longo curso, na qual as forças populares e progressistas tentam
ainda acumular condições para uma contra-ofensiva futura.
Resistir é
necessário - em todas as frentes, inclusive e especialmente no terreno das
ideias.
Nunca foi tão
necessário, conjunturalmente, se elevar a um patamar superior o debate sobre o
que se passa agora, sobre saídas para a crise. O que envolve lastro teórico,
político e técnico.
Para o PCdoB,
que integra a coalizão que governa o país e tem no seu DNA uma sólida tradição
de enfrentamento de dificuldades, num determinado sentido este é um tempo ruim,
sim, mas igualmente um tempo bom. Porque está armados teórica e politicamente
para encarar a luta como ela se apresenta – conforme sinaliza a resolução da
10ª Conferência Nacional recentemente realizada. E assim pode abrir veredas por
onde pode ampliar a sua influência, crescer e se posicionar a altura dos novos
combates que se prenunciam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário