Indo à caça sem cão nem gato
Luciano Siqueira, no Blog de Jamildo/portal ne10
Escreve-me um velho amigo observador da cena política comentando que, diferentemente de outros momentos, não se identificam hoje líderes com estatura correspondente à gravidade da situação.
Independentemente do juízo de valor que
se fizesse sobre cada um dos atores, houve tempo em que se presenciavam
démarches envolvendo Ulysses Guimarães, Miguel Arraes, Tancredo Neves, Leonel
Brizola e outros.
Daqueles líderes sempre havia algo a
esperar. Hoje, a gente nem sabe quem dialoga em busca de alternativas, diz o
amigo.
É
verdade.
Pois se é fato que a presidenta Dilma
se mantém arredia e o governo carece de interlocutores capazes e hábeis – ou os
tem, mas desviados de função, como o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, quase
esquecido no Ministério da Defesa -, nas oposições predomina o primarismo
estéril.
Ungido líder natural das forças
contrárias ao governo, o senador mineiro Aécio Neves sucumbe gradativamente.
Oscila entre arroubos midiáticos
(típicos de quem perdeu o pleito, mas não se conformou) e reincidentes manobras
na esfera judicial, no propósito de fundamentar o sonhado pedido de impeachment
da presidenta.
Enquanto isso, bem ou mal, ainda que
distorcido e afetado pela parcialidade da mídia hegemônica, segue o debate
acerca dos impasses da economia, o ajuste fiscal e o que pode vir em seguida.
Por que não propor alternativas ao
invés de simplesmente torpedear as proposições do governo no Congresso?
Por que não expor uma opinião
consistente, do ponto de vista do ideário neoliberal em que se baseia, acerca
do conteúdo, das implicações imediatas e das consequências futuras do ajuste
fiscal?
Por que não questionar, com argumentos
minimamente respeitáveis, o conjunto dos investimentos anunciados recentemente
pela presidenta Dilma nas áreas de infraestrutura, com o fito de retomar o
crescimento no pós-ajuste?
Aécio e seus aliados dariam uma
contribuição ao País se expusessem com clareza e responsabilidade seus pontos
de vista sobre questões cruciais como estas.
Ao contrário, escolhem o “tapetão”,
como se diz na gíria futebolística quando se perde em campo se apela aos
tribunais.
Na última terça-feira, 16, foram ao
Tribunal de Contas da União (TCU) para pressionar pela reprovação das contas do
governo da presidenta Dilma Rousseff.
Teria havido crime de responsabilidade
da presidenta Dilma em razão de empréstimos requeridos pelo governo junto aos
bancos Caixa Econômica e Banco do Brasil, para honrar compromissos com
programas sociais. Babaquice. Esse expediente se pratica desde 2001, portanto
no governo FHC, sem que resulte em ilegalidade.
Quem não tem cão, caça com gato –
ensina a sabedoria popular. Nesse caso, faltam o cão e o gato, tamanha
inconsequência do tucanato e aliados.
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