Estudo demonstra
que reforma trabalhista de Temer é inconstitucional
Carta Capital
Estudo realizado pelo
Ministério Público do Trabalho (MPT), divulgado nesta terça-feira (24), aponta
que as mudanças na legislação trabalhista propostas pelo Governo Federal são
inconstitucionais. As alterações contrariam a Constituição Federal e as
convenções internacionais firmadas pelo Brasil, geram insegurança jurídica, têm
impacto negativo na geração de empregos e fragilizam o mercado interno. O
levantamento alerta ainda para consequências nocivas das medidas, como a
possibilidade de contratação sem concurso público, a maior permissividade a
casos de corrupção e a falta de responsabilização das empresas em caso de
acidentes de trabalho, por exemplo.
O documento reúne quatro Notas Técnicas, assinadas por 12
Procuradores do Trabalho, em que são analisadas de forma detalhada as propostas
contidas no Projeto de Lei 6787/2016 (PL 6787/2016); Projeto de Lei do Senado
218/2016 (PLS 218/2016); Projeto de Lei da Câmara 30/2015 (PLC 30/2015); e
Projeto de Lei 4302-C/1998 (PL 4302-C/1998).
Ao final, os membros do MPT propõem a rejeição por completo de
dois projetos: o PL
6787/2016, que, entre outras propostas, impõe a prevalência do negociado
sobre o legislado; e do PLS
218/2016, que permite a terceirização da atividade-fim com a introdução do
chamado “contrato de trabalho intermitente”. Quanto ao PLC 30/2015 e ao PL
4302-C/1998, o
órgão sugere alteração
de redação.
De acordo com o procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, o
argumento de que flexibilização das leis trabalhistas incentivaria a criação de
empregos é falacioso. “Todas essas propostas já existiam antes da crise
econômica. Nenhuma proposta é 100% inovadora. Quando o Brasil surfava em uma
situação altamente favorável, essas propostas já existiam e eram defendidas
pelos mesmos grupos econômicos e políticos. Esse argumento cai por terra a
partir do momento em que essas propostas idênticas foram apresentadas quando o
Brasil tinha uma economia pujante”, argumentou.
Segundo ele, para superar a crise é preciso haver uma valorização
dos direitos sociais. “Nos momentos de crise é que os trabalhadores precisam de
mais proteção. Em todos os países em que houve a flexibilização do Direito do
Trabalho, fundada numa crise econômica, não houve a criação de emprego. Ao
contrário, houve um decréscimo. Houve a precarização permanente do trabalho e,
até, em alguns casos, o agravamento da crise econômica, como na Espanha e
Grécia, por exemplo”.
Fórum
Em reunião realizada também, nesta terça-feira, foi assinado um
documento que institui o Fórum Interinstitucional de Defesa do Direito do
Trabalho e da Previdência Social com o objetivo de promover a articulação
social em torno das propostas legislativas sobre a reforma trabalhista. Além do
MPT, assinam o documento 28 instituições, centrais sindicais, confederações,
federações, sindicatos e associações. Confira a Carta em Defesa
dos Direitos Sociais.
Confira a íntegra das Notas Técnicas:
Nota Técnica 1
Nota Técnica 2
Nota Técnica 3
Nota Técnica 4
Nota Técnica 1
Nota Técnica 2
Nota Técnica 3
Nota Técnica 4
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