Um
energúmeno na encruzilhada da República
Luciano Siqueira
Analistas de variadas tendências têm a percepção comum de que Michel Temer se converteu no ponto nodal de duas tendências possíveis no desenrolar da crise: o avanço da regressão neoliberal ou a sua interrupção.
Analistas de variadas tendências têm a percepção comum de que Michel Temer se converteu no ponto nodal de duas tendências possíveis no desenrolar da crise: o avanço da regressão neoliberal ou a sua interrupção.
Com Temer - mesmo enlameado,
acossado pela PGR e execrado pela opinião pública, um energúmeno -, as reformas
trabalhista e previdenciária têm chances de se consumarem. Elas são a ponta de
lança do redirecionamento neoliberal da economia.
É que que a duras penas e sob
risco de desmoralização das principais siglas que o apoiam - PMDB, PSDB e DEM
-, Temer sabe usar e usa a caneta presidencial para manobrar com cargos e
benesses e, assim, manter a maioria parlamentar que o sustenta.
Justo a maioria de deputados e
senadores necessária para impor ao povo brasileiros as reformas antipopulares.
Sem Temer, mesmo que seu
substituto eventual reafirme os compromissos com o Mercado e toque o trem das
reformas, muita gente pode desembarcar dos vários vagões e essa maioria se
dissipar.
Ou até, quem sabe, à beira do caos
institucional, quem substitua Temer, em caso de sua derrocada, venha a assumir
o compromisso de empurrar as tais reformas para o crivo popular no pleito de
2018, suspendendo agora sua tramitação, como pedra de toque de um pacto com as
forças oposicionistas.
Isto no pressuposto de que o
presidente ilegítimo não suporte a avalanche de denúncias contra si e seu
núcleo palaciano.
Também na hipótese de que, em meio
à instabilidade total, algum entendimento possa se viabilizar entre as forças
que hoje se colocam em polos opostos.
São apenas hipóteses, contudo.
Pois a esta altura do campeonato,
o governo moribundo e na UTI ainda conta com os aparelhos ligados pelo Mercado
e pela coalizão neoliberal. Conserva a maioria no Congresso.
E na outra ponta, se é crescente a
insatisfação na imensa maioria da população, esta ainda não ganhou a
dimensão de um clamor, nem atingiu temperatura mais elevada nas ruas.
Demais, também do lado de cá da
porfia cumpre seguir o debate e a busca de convergência em torno de uma
plataforma de unidade, cujo vértice há de ser a defesa da soberania do país e
do Estado nacional, associada à defesa de conquistas e direitos e da
democracia.
E considerar múltiplas hipóteses
de desdobramento da situação, resguardadas as bandeiras fundamentais que
empunha.
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