Um projeto de Brasil
Eduardo Bomfim, no Vermelho
Em relação ao esgarçamento das estruturas
republicanas, das mais fraturadas são aquelas que representam o voto popular,
por onde a sociedade expressa, bem ou mal, a sua participação nas questões
decisivas aos destinos do País.
Já o governo Temer, nascido de uma óbvia
conspiração que envolve múltiplos interesses, incluindo a grande mídia
hegemônica como agente proeminente, associada aos objetivos de rapina do
capital financeiro, do rentismo parasitário, encontra-se absolutamente
encurralado pelas suas próprias circunstâncias de ilegitimidade.
As agressões ao regime de Direito Democrático
sempre foram uma constante ao longo dos vários períodos das instituições
republicanas, inclusive durante esses vinte e oito anos da Nova República, após
a promulgação da Constituição de 1988.
Quanto ao constitucional processo de
impeachment do presidente da República, tem sido usado várias vezes, muito
menos observada a letra da carta magna, e bem mais por razões particularistas
de grupos políticos derrotados nos pleitos eleitorais presidenciais.
Criou-se uma cultura, no tecido social, na
mídia hegemônica, de que a associação de fatores de natureza econômica, externa
e ou interna, com dificuldades, menores ou mais graves, na base de sustentação
dos governos são fatores justificáveis para a derrubada do governante.
Assim foi que entronizou-se o ilegítimo
Temer, via um leque de poderosos grupos econômicos e políticos que não
aceitaram, porque simplesmente não queriam, a reeleição da ex-Presidente.
Formou-se uma espécie de “jurisprudência
política” de que qualquer mandatário pode ser apeado do poder conferido pelo
voto popular, desde que as circunstâncias assim o permitam.
Carlos Lacerda, justiça se lhe faça, golpista
contumaz, conspirador nato, fez escola na política nacional.
No século XXI essa anomalia antidemocrática
agravou-se com a revolução midiática, as redes sociais e a alucinógena
pós-verdade.
Com a sociedade fragmentada em tempestades de
ódios, o País necessita, além da autoestima perdida, do sentimento democrático
vilipendiado, de um projeto estratégico de desenvolvimento.
Do sentido elevado de nação e brasilidade, em
uma gravíssima crise institucional fruto de crônicos males Históricos que se
repetem, como esse golpe do Temer, contrários ao País, ao povo brasileiro.
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