Temer adianta uma pedra. E as oposições?
Luciano Siqueira
Ilegítimo, despudorado, submetido aos interesses do que há de pior na elite brasileira e do mercado financeiro internacional, um “mérito”, entretanto, Michel Temer inegavelmente ostenta: sabe jogar o jogo político. E do poder.
Ao confidenciar a aliados e deixar vazar para imprensa sua intenção de disputar o próximo pleito presidencial, move uma pedra que provoca duas consequências imediatas: de um lado, submete às suas rédeas intenções semelhantes de auxiliares diretos, como o ministro Meirelles, da Fazenda; de outro, tenta manter sua rarefeita autoridade, que tende a se corroer gradativamente, na medida em que se aproximam as convenções partidárias, previstas para o final de julho e começo de agosto.
O melhor desempenho de Temer nas pesquisas recentes não ultrapassa os 6% de aprovação. Percentual baixíssimo para quem pretende se submeter ao julgamento popular através do voto.
Assim mesmo, supõe-se que além de jogar o xadrez do poder colocando à mesa uma possível candidatura sua, no íntimo o presidente ilegítimo ainda aspiraria à conquista de parcela expressiva do eleitorado, em consequência de uma suposta recuperação da economia e dos efeitos da pirotécnica intervenção militar sobre a segurança no Rio de Janeiro.
Dois tiros que podem sair pela culatra.
A relativa estabilidade da economia, com tímido sinal de aquecimento, acontece mediante duro arrocho fiscal — com drástica redução de gastos públicos com programas sociais de reconhecimento impacto no mercado na base da pirâmide — e contenção inflacionária decorrente da queda da demanda.
A ligeira alteração positiva no PIB se apoia fundamentalmente na agropecuária, e não no setor mais dinâmico que é a indústria.
Ou seja, a economia melhora para o mercado financeiro e parte da elite, não para o setor produtivo e muito menos para a grande maioria da população, o povo.
Já intervenção militar sobre a segurança no Rio de Janeiro recolhe da opinião unânime de especialistas e estudiosos, confirmada pelos fatos, a crítica fundamentada de que não ataca as causas das causas da violência criminal urbana. Pode provocar uma (falsa) sensação momentânea de segurança em boa parte da população carioca, que por isso a aprova, mas está fadada a produzir resultados pífios.
Assim, a manobra de Temer não parece apoiada em condições reais de sucesso. Permanecerá circunscrita ao ambiente pantanoso das próprias hostes governistas, onde ainda predomina a dispersão na busca de uma candidatura presidencial competitiva.
E é precisamente nessa dificuldade de convergência no campo governista que reside, em parte, a possibilidade de êxito das oposições no pleito de outubro.
Para tanto, caberia, a um só tempo, construir uma frente eleitoral ampla já no primeiro turno e explorar habilmente possíveis dissidências no campo governista.
Um desafio tático que reclama convicção patriótica e democrática, largueza e flexibilidade, em consonância com a correta avaliação da correlação de forças real.
Nesse sentido, a bandeira da frente ampla sustentada pelo PCdoB pela sua pré- candidata à presidência da República, deputada Manuela D’Ávila, mostra-se referência a ser considerada.
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Luciano Siqueira
Ilegítimo, despudorado, submetido aos interesses do que há de pior na elite brasileira e do mercado financeiro internacional, um “mérito”, entretanto, Michel Temer inegavelmente ostenta: sabe jogar o jogo político. E do poder.
Ao confidenciar a aliados e deixar vazar para imprensa sua intenção de disputar o próximo pleito presidencial, move uma pedra que provoca duas consequências imediatas: de um lado, submete às suas rédeas intenções semelhantes de auxiliares diretos, como o ministro Meirelles, da Fazenda; de outro, tenta manter sua rarefeita autoridade, que tende a se corroer gradativamente, na medida em que se aproximam as convenções partidárias, previstas para o final de julho e começo de agosto.
O melhor desempenho de Temer nas pesquisas recentes não ultrapassa os 6% de aprovação. Percentual baixíssimo para quem pretende se submeter ao julgamento popular através do voto.
Assim mesmo, supõe-se que além de jogar o xadrez do poder colocando à mesa uma possível candidatura sua, no íntimo o presidente ilegítimo ainda aspiraria à conquista de parcela expressiva do eleitorado, em consequência de uma suposta recuperação da economia e dos efeitos da pirotécnica intervenção militar sobre a segurança no Rio de Janeiro.
Dois tiros que podem sair pela culatra.
A relativa estabilidade da economia, com tímido sinal de aquecimento, acontece mediante duro arrocho fiscal — com drástica redução de gastos públicos com programas sociais de reconhecimento impacto no mercado na base da pirâmide — e contenção inflacionária decorrente da queda da demanda.
A ligeira alteração positiva no PIB se apoia fundamentalmente na agropecuária, e não no setor mais dinâmico que é a indústria.
Ou seja, a economia melhora para o mercado financeiro e parte da elite, não para o setor produtivo e muito menos para a grande maioria da população, o povo.
Já intervenção militar sobre a segurança no Rio de Janeiro recolhe da opinião unânime de especialistas e estudiosos, confirmada pelos fatos, a crítica fundamentada de que não ataca as causas das causas da violência criminal urbana. Pode provocar uma (falsa) sensação momentânea de segurança em boa parte da população carioca, que por isso a aprova, mas está fadada a produzir resultados pífios.
Assim, a manobra de Temer não parece apoiada em condições reais de sucesso. Permanecerá circunscrita ao ambiente pantanoso das próprias hostes governistas, onde ainda predomina a dispersão na busca de uma candidatura presidencial competitiva.
E é precisamente nessa dificuldade de convergência no campo governista que reside, em parte, a possibilidade de êxito das oposições no pleito de outubro.
Para tanto, caberia, a um só tempo, construir uma frente eleitoral ampla já no primeiro turno e explorar habilmente possíveis dissidências no campo governista.
Um desafio tático que reclama convicção patriótica e democrática, largueza e flexibilidade, em consonância com a correta avaliação da correlação de forças real.
Nesse sentido, a bandeira da frente ampla sustentada pelo PCdoB pela sua pré- candidata à presidência da República, deputada Manuela D’Ávila, mostra-se referência a ser considerada.
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