PCdoB e sua
histórica luta por democracia e liberdades
Renato Rabelo*
Diante de um
contexto tão desfavorável e ameaçador, no âmbito do debate partidário e junto a
aliados do PCdoB, a direção do Partido tem discutido e levado em conta vários
ângulos da realidade e analisado alternativas.
É necessário o
debate no campo das forças de esquerda, populares e democráticas a fim de se
alcançar as posições mais justas. É bem-vindo o debate. O que eu não posso
entender, já no longo tempo de militância, é o desvirtuamento da questão no
tempo da modernidade da internet, em que forças aliadas descambam para o debate
rasteiro, marcado por desdém e grosseria dentro de um mesmo campo politico. Até
mesmo com as forças adversarias é preciso elevar o nível do debate.
O PCdoB não atua de
modo desrespeitoso e nem estimula o desrespeito às forças irmãs, aliadas e
amigas. O que presenciei estarrecido nesses últimos dois dias foram setores do
campo de esquerda estimulando seus militantes e aderentes a compartilhar coisas
horrendas, num ataque desabrido ao PCdoB, uma investida inteiramente
inaceitável.
Desde que o PCdoB
sinalizou, ad referendum de instâncias mais elevadas, a indicação de Rodrigo
Maia para a presidência da Câmara de Deputados, o líder da nossa
bancada, deputado Orlando Silva, a deputada
Jandira Feghali e demais lideranças partidárias que vêm se
pronunciando têm se postado na defesa dessa indicação, invocando os argumentos
que serviram de base para a decisão, sem usar agressão ou desacato a qualquer
dirigente ou militante do nosso campo político.
O PCdoB, em toda a
sua extensa trajetória, tem a nítida marca da defesa intransigente da
democracia e nos períodos mais duros assumiu mais ainda o combate pelas
liberdades, sobretudo a liberdade política.
Qual a questão em
debate? São as reais condições da disputa que envolve a escolha da Mesa
Diretora da Câmara dos Deputados e do caminho a seguir. Não é de agora que o
PCdoB tem afirmado que o tipo de acordo nessa disputa no âmbito do parlamento
segue procedimento próprio. Assim, não significa e não inclui nenhum pacto
programático com o postulante à presidência da Casa. Uma circunstância,
portanto, em que esse postulante não comunga da nossa linha política, muito
menos da nossa ideologia.
O que está em jogo
então nesse tipo de acordo? É o que os parlamentares do PCdoB têm situado, um
caminho para se conquistar condições para a atuação democrática e
pluripartidária. Em suma: respeito à democracia interna, impedir a asfixia
regimental e garantir instrumentos institucionais para fortalecer a luta e a
resistência.
Ora, qual o
contexto atual? A democracia e as liberdades estão em perigo, além da imposição
de retrocessos e de alienação da soberania da Nação. E o governo eleito
salienta seu caráter autoritário, porquanto está no centro dos seus objetivos
perseguir e, se possível, suprimir a esquerda e os movimentos sociais.
Nestas exatas
condições, na qual assume a hegemonia politica forças de extrema direita,
sugando até partes da direita tradicional, resta para as forças de oposição
contra essa hegemonia a ampla resistência dos brasileiros(as), a luta de massas
crescente dos trabalhadores e camadas populares. E mais: o único poder de
Estado no qual a oposição ainda tem uma presença minoritária é o parlamento.
Na Câmara dos
Deputados não existem condições favoráveis sequer para a disputa de um
candidato da esquerda com qualquer outro. Os exemplos maiores da história das
lutas emancipadoras mostram que em tais situações é preciso aproveitar o
possível, mesmo que seja o mínimo de espaço para melhor atuação da
oposição.
Também é explicito,
da parte do PCdoB, que nessa situação, e diante de alternativas e tendências
postas, o nosso Partido não aceitará fazer bloco parlamentar com o partido do
governo, o PSL. Tem procurando concretizar acordos e unidade maior com os
partidos de nosso campo. Tudo isso está explícito nos pronunciamentos da
presidenta do PCdoB, Luciana Santos.
Diante de um
contexto tão desfavorável e ameaçador, no âmbito do debate partidário e junto a
aliados do PCdoB, a direção do Partido tem discutido e levado em conta vários
ângulos da realidade e visto alternativas. Pela experiência recente na Câmara
dos Deputados, após o golpe parlamentar que destituiu a presidenta Dilma
Rousseff, nas condições adversas advindas disso, foi sendo construído, mesmo
com altos e baixos, uma relação de bom diálogo e respeito mútuo com o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
O que ficou para o
Partido, nesse momento singular, respaldado na vivência da nossa bancada, é que
esse candidato oferece alguma possibilidade de garantias para preservar a ação
parlamentar ampla e plural, tão imprescindível à oposição. Esse é o processo de
debate em que vive o PCdoB no processo de preparação da reunião em instância
superior, no dia 30 deste mês, quando então se poderá avançar o debate e
concluir a posição.
Leia também:
*Renato Rabelo é presidente nacional da Fundação Maurício Grabois.
Acesse e se inscreva
no canal ‘Luciano Siqueira opina’, no
YouTube https://bit.ly/2RTfyZl e leia
mais sobre temas da atualidade http://migre.me/
kMGFD
Nenhum comentário:
Postar um comentário