Cândido Portinari
A nostálgica
esperança dos torcedores
Tostão*,
Folha de S. Paulo
Existem
curiosidades e dúvidas, entre jornalistas e torcedores, sobre como Abel Braga
vai escalar todos os bons e caríssimos jogadores do meio para frente.
Provavelmente,
vai adotar a estratégia de Felipão de ter dois times para diferentes
competições. Esta postura não significa, necessariamente, que é a fórmula ideal
para todas as equipes. Não há uma regra permanente em um esporte de tantas
possibilidades e acasos como é o futebol.
O
Flamengo, com boa situação
financeira, graças à diretoria anterior, tem o direito de contratar
bons e caros jogadores. Irresponsáveis são os que contratam e não pagam.
Acho
apenas que Arrascaeta e Gabigol, ótimos atletas para o nível de futebol que se
joga no país, não valem tanto dinheiro. Eles estão no mesmo nível de outros que
o Flamengo já tem nas mesmas posições.
Arrascaeta
atua melhor pelo centro e perto do centroavante. Como o Cruzeiro tem Thiago
Neves, Mano Menezes insistiu, por um bom tempo, para Arrascaeta se adaptar a
jogar pela esquerda, marcando e atacando. Quando ele se cansava ou estava com
preguiça para voltar, Mano colocava o disciplinado e veloz Rafinha.
Gabigol
é o melhor finalizador do futebol brasileiro. Fora isso, tem um repertório
pequeno. Quando não faz gols, costuma ficar apagado. Os italianos só conheceram
o lado sombrio do jogador.
Gabigol
pode atuar como um centroavante, da direita para o centro, para finalizar, ou
como um segundo atacante, perto do centroavante. É bem diferente de Diego, que
é um armador.
O
Palmeiras, preocupado, vê o Flamengo aparecer, com velocidade, pelo retrovisor.
Para não ser ultrapassado, tenta contratar Ricardo Goulart, que seria um
grandíssimo reforço.
Poderemos
ter, nos próximos anos, uma disputa pelo poder, entre Palmeiras e Flamengo, o
que não significa, obrigatoriamente, que vão ganhar todos os títulos. Para
isso, os dois times têm técnicos experientes, grandes, durões, chefões e
carinhosos.
No
Brasil, tornou-se um lugar-comum dizer que um time grande, quando não ganha, é
porque faltou comando no vestiário. Seria, para muitos, a diferença entre
Felipão e Roger Machado. Os ingleses não gostaram do estilo paizão
de Felipão.
Aqui, os jogadores são mais carentes, dependentes das ordens do técnico.
Esta
frágil postura emocional é uma das razões de muitas derrotas e decepções do
futebol brasileiro ao longo da história. Os próprios jogadores do Palmeiras,
contra o Boca Juniors, na última
Libertadores, pareciam anestesiados, à espera de Felipão decidir a
partida.
Os
outros grandes times brasileiros não querem ficar por baixo e correm atrás de
reforços. O São Paulo tem tudo para melhorar com Tiago Volpi, Hernanes e Pablo.
O Atlético-MG também cresceu, com a nova zaga (Réver e Igor Rabello).
O
Corinthians contratou Carille, Boselli e Ramiro. Cruzeiro e Grêmio perderam
jogadores importantes (Marcelo Grohe e Arrascaeta, respectivamente) e precisam
se fortalecer. O sonho do Cruzeiro é Bruno Henrique, do Santos, ótimo
substituto para Arrascaeta. O Grêmio contratou Vizeu, ex-Flamengo que estava na
Udinese, da Itália, um limitado Henrique Dourado mais jovem. Se der certo, vou
ter de engoli-lo.
Rafael
Sóbis, que, durante anos, ganhou no Cruzeiro como craque e jogou como um
atacante razoável, disciplinado taticamente, foi tratado como um reforço do
Internacional. Existe uma nostálgica esperança de que ele volte a brilhar, como
no início de carreira.
Se
der certo, será outro para engolir. Vou ficar engasgado.
Cronista esportivo, participou como jogador das
Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina
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kMGFD
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