Desemprego
tem DNA e rosto
Luciano Siqueira
Praticamente
em todos os indicadores econômicos é possível identificar as marcas da
desigualdade presentes na formação da sociedade brasileira.
Dias atrás,
um estudo realizado por Paulo Peruchetti e Laísa Rachter, do Ibre (Instituto
Brasileiro de Economia) da FGV, com base nos números do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatísticas), focado nos quase 5 milhões de brasileiros
e brasileiras tidos como “desalentados” (5% da população economicamente ativa),
confirma essa assertiva.
Desalentados
são a parcela de excluídos do mercado de trabalho que desistiu de procurar
emprego porque não tem esperanças de encontrar, mesmo disponíveis e desejosas
de trabalhar.
O relatório
do estudo “Quem são os desalentados do Brasil?” sintetiza: “mulher jovem, preta
ou parda e com baixa escolaridade”, a principal expressão dessa camada de
infelicitados.
Em que
medida esses fatores socioeconômicos levam o indivíduo à condição de
desalentado?
As mulheres
têm probabilidade 2,1 pontos percentuais maior de se declararem desalentadas
que os homens.
Quando as
pessoas ficam muito tempo fora do mercado de trabalho, isso vai depreciando sua
eficiência, sua produtividade, seu capital humano. Isso gera uma certa cicatriz
e vai se refletir na economia como um todo, observa a pesquisadora Laísa
Rachter.
Tudo a ver
com o desempenho da economia, mantida sob perspectiva sombria.
A previsão
é que o PIB (Produto Interno Bruto) cresça neste ano ao redor de 0,80%, aquém dos
1,1% registrados em 2017 e 2018.
Mesmo a
pequena queda do desemprego, segundo o IBGE, deve-se a um crescimento de vagas
no mercado de trabalho informal. Sem nenhuma sustentação imediata, ausente de
direitos elementares.
E o caminho
escolhido pela equipe econômica atual, sob o aval inconsequente do capitão Jair
Bolsonaro, busca uma proeza sem precedentes: impor o ultra liberalismo num pais
periférico, em desenvolvimento, carente de investimentos públicos que alavanquem
as atividades econômicas.
Para Paulo
Guedes e seus Chicago Boys, o ajuste fiscal é tudo. Mesmo em prejuízo da competividade
de nossa indústria, da retração do mercado de trabalho e do mercado de consumo
e das expectativas da maioria da população.
Um saco sem
fundo que acentua as desigualdades sociais.
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