Sábio gigante
Luciano Siqueira
Naquele carnaval tudo conspirava em
favor do nosso reingresso na folia.
Fazia tempo que não experimentávamos
esse prazer.
As circunstâncias da militância contra
a ditadura no Recife nos tornaram quase reclusos.
Depois veio a dura clandestinidade.
Em Santana do Ipanema, sertão alagoano,
Luci e eu chegamos a acompanhar como pipocas o desfile da "Escola de Samba
Unidos do Monumento", que percorria as ruas e ladeiras da cidade ao som do
samba-enredo da Portela, do Rio de Janeiro.
Agora seria o primeiro carnaval após o
período de cadeia e retorno à vida legal no Recife.
Olinda foi o nosso destino, junto com
grupo de amigos num bloco improvisado, "Amantes de Beré".
Foi quando descobrimos o fascínio do
boneco gigante, ao final da noite do sábado.
O delírio da multidão.
Era o Homem da Meia-Noite, que agora
faz seus 90 anos e abdica momentaneamente do legítimo direito de empolgar novas
gerações em razão da pandemia do novo coronavírus.
Sábio boneco gigante.
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Onde a luta encontra a poesia e se expressa em imagens https://bit.ly/3E95Juz
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