Câmara aprova projetos que podem injetar R$ 7 bi na cultura
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O
plenário da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quinta-feira (24), o Projeto de
Lei 1518/21, conhecido como Lei Aldir Blanc 2, que institui uma política
nacional de fomento à cultura com repasses anuais de R$ 3 bilhões da União a
estados e municípios para ações no setor.
A
proposta, da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), tendo como coautores
Renildo Calheiros (PCdoB-PE), Alice Portugal (PCdoB-BA) e outros, beneficia
entidades e pessoas físicas e jurídicas que atuem na produção, difusão,
promoção, preservação e aquisição de bens, produtos ou serviços artísticos e
culturais, incluindo o patrimônio cultural material e imaterial.
O
substitutivo do relator, deputado Celso Sabino (União-PA), vai ao Senado.
A Câmara
aprovou também o Projeto de Lei Complementar 73/21, que direciona R$ 3,86
bilhões do superávit financeiro do Fundo Nacional de Cultura (FNC) a estados e
municípios para fomento de atividades e produtos culturais. A matéria, aprovada
na forma do substitutivo do relator, deputado José Guimarães (PT-CE), vai à
sanção presidencial.
Incentivos
Segundo
Jandira Feghali, a Lei Aldir Blanc funcionará como um Fundeb (Fundo de
Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica) da cultura.
“Uma lei
que terá um caráter perene, um caráter de Lei de Estado, que irrigará o Sistema
Nacional de Cultura, que levará a diversidade, a descentralização, como
funcionou a Lei Aldir Blanc I, com muito mais densidade, com muito mais
consistência. Contribuíram para esta lei não apenas os gestores estaduais,
municipais, mas todos os coletivos culturais brasileiros que têm trabalhado e
se mobilizado pela sua aprovação”, afirmou.
A
parlamentar destacou que a aprovação destas duas leis de incentivo à cultura é
o atendimento de uma demanda fundamental. “A cultura brasileira precisa, a
cultura brasileira não tem tido do governo federal apoio, não tem tido
orçamento, não tem tido políticas culturais, e nós precisamos a partir do
Parlamento fazer com que isso aconteça”, frisou.
“Hoje é
um dia muito importante para a cultura brasileira”, ressaltou o líder do PCdoB
na Câmara, deputado federal Renildo Calheiros. Ele lembrou que os recursos
serão destinados “para socorrer um setor que passa por grandes dificuldades em
decorrência da pandemia em nosso país”.
O
deputado comemorou a aprovação das leis: “Hoje pode entrar para a história como
o dia da cultura para o Brasil. Hoje aprovamos a Lei Paulo Gustavo, que é uma
lei emergencial para a cultura; já a Lei Aldir Blanc estabelece um
financiamento permanente. É um grande passo para a cultura brasileira, que deve
ser festejado”.
A
presidente da Comissão de Cultura da Casa, Alice Portugal, também considerou
que a data é simbólica para todos que labutam no setor cultural.
“Nós
estamos aqui valorizando esses que, de ponta a ponta no Brasil, acompanham este
dia, que construíram este dia com as suas mobilizações nas dobras, nas pontas
deste país. Eles construíram esta vitória”, afirmou.
Para a
deputada, a atuação do Legislativo “tem sido determinante para a manutenção da
cultura viva em nosso país”. “Com um orçamento tão baixo para a cultura, e com
uma Secretaria que, infelizmente, turbina uma série de contradições, uma má
forma na condução das políticas culturais do Brasil, quero dizer que termos
aprovado a Lei Aldir Blanc, em 2020, com seus resíduos retirados pelo esforço
coletivo desta Casa, em 2021, e agora estarmos aprovando a Lei Paulo Gustavo é
da maior importância para a cultura nacional”, disse.
Paulo
Gustavo
Conhecido
como Lei Paulo Gustavo – em homenagem ao ator, diretor e comediante que faleceu
vítima da Covid-19 – o PLP 73/21 destina R$ 3,86 bilhões a estados e
municípios, para fomentar a retomada das atividades culturais que foram
paralisadas pela pandemia.
Segundo o
texto, R$ 2,8 bilhões desse montante serão destinados ao setor audiovisual, no
apoio a produções, salas de cinema, cineclubes, mostras, festivais e
capacitação profissional.
A
execução descentralizada dos recursos repassados poderá ser feita até 31 de
dezembro de 2022, mas se houver algum impedimento em razão de ser ano
eleitoral, o prazo será automaticamente prorrogado pelo mesmo período no qual
não foi possível usar o dinheiro.
O texto
também permite aos entes federados excluírem os recursos recebidos da meta de
resultado primário, mudando a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Apoio
Os dois
projetos são complementares, uma vez que abrangem tanto a criação de uma
política permanente de fomento direto e descentralizado à cultura brasileira
(Lei Aldir Blanc 2), bem como o caráter emergencial de reparação das perdas que
o setor cultural vem sofrendo em razão da pandemia (Lei Paulo Gustavo).
Em
conjunto, as propostas representam um grande avanço e um investimento de quase
R$ 7 bilhões para a cultura, um dos setores mais afetados pela pandemia, nos
próximos dois anos.
A
vice-líder da Oposição, deputada federal Perpétua Almeida (PCdoB-AC), destacou
que os fazedores de cultura foram os setores mais prejudicados pelas restrições
impostas pela pandemia.
“Foram os
primeiros a encerrar os seus trabalhos, quando começou a pandemia, e até hoje
não tiveram esse processo recuperado”, disse.
Para a
deputada, as leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo serão instrumentos para “levar
cultura ao Brasil inteiro, nas comunidades mais distantes, nos bairros, nas
periferias”. “[Elas vão] Promover o cinema, fazer com que os trabalhadores do
teatro, aqueles que vivem de shows, que tocam a sua bateria possam poder
comprar o seu pão”, acrescentou.
Por
Walter Félix
Pesquisas eleitorais: muito cedo para comemorar https://t.co/EceGpdIMDJ
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