Seminário dias 3 e 4 debate antirracismo, democracia e
desenvolvimento
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Nos dias 3 e 4 de junho, será realizado o seminário
nacional Luta Antirracista, Democracia e
Desenvolvimento Nacional, coordenado pela secretaria de Combate ao
Racismo do PCdoB, em parceria com a Fundação Maurício Grabois e o Instituto
Castro Alves. O evento é preparatório para a I
Conferência Nacional do PCdoB de Combate ao Racismo: avançar na luta contra o
racismo, pela democracia e pelo socialismo, que será realizada em
2023.
O
seminário deverá reunir cerca de 300 participantes, entre dirigentes e militantes,
em sala virtual (Zoom), e contará com uma ampla programação que tratará de
diversos aspectos relacionados ao tema, por meio de palestras de intelectuais,
acadêmicos, parlamentares, lideranças, ativistas e militantes comunistas e da
luta antirracista. Para participar, é preciso fazer inscrição prévia (clique aqui para se
inscrever).
Conforme
destaca a apresentação do evento, “para os comunistas, atuar na luta
antirracista é
fundamental para se construir um país mais justo e para desenvolver uma análise
marxista sobre a especificidade do combate ao racismo em ligação com a luta de
classes em nosso país”.
De
acordo com os organizadores, o seminário se pautará pelo exame crítico do
racismo estrutural e seus impactos no cenário socioeconômico, agravado pela
ascensão da extrema direita, representada pelo governo de Jair Bolsonaro. O
desafio é a construção de consensos políticos e de ideias para a elaboração do
documento-base da conferência e para a definição de iniciativas que impulsionem
a construção de uma agenda antirracista e que dialoguem com o Programa Nacional
do PCdoB e seu Projeto Nacional de Desenvolvimento para o país.
Sub-representação e políticas públicas
Secretária
nacional do PCdoB de Combate ao Racismo e deputada estadual na Bahia, Olívia
Santana explicou ao Portal do
PCdoB que um dos aspectos a serem abordados é a sub-representação das
mulheres e homens negros e indígenas nos parlamentos, governos e espaços de
poder. “Se você não está representado ou representada, é mais difícil acessar
direitos e enfrentar essa desigualdade de oportunidade que fixa, especialmente
a população negra, em situação de miséria, de pobreza. Precisamos sim acessar
espaços de poder e tensionar por mobilidade social mesmo nos marcos do
capitalismo. E fazer a luta estratégica pela superação dessa sociedade e a
construção futura do socialismo”.
No que diz respeito às políticas públicas mais urgentes
para a população negra, Olívia destacou a defesa da vida. “São milhares de
pessoas negras que morrem todos os anos vítimas de uma política de segurança
falida, da política de guerra às drogas. Muitas pessoas negras são mortas como
se no Brasil tivesse pena de morte. A pena de morte existe na prática. Muitos
negros não são sequer submetidos a um julgamento, ao que está estabelecido no
Código Penal”.
A
parlamentar defende a desmilitarização da polícia e uma política pública de
humanização da segurança e de garantia de direitos humanos. “E isso não é
incompatível com uma ação firme que combata, de fato, a criminalidade. A gente
precisa desmistificar isso. A agenda dos direitos humanos é tratada como se
fosse inimiga da segurança pública. E a gente precisa de uma política de
segurança pública associada e que seja capaz de afirmar os direitos humanos”.
Igualmente
importantes, conforme apontou, são as pautas de saúde, edução, moradia e de
acesso aos espaços de poder. “O que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) fez em
relação à partilha do fundo eleitoral é muito importante. É
preciso que o critério étnico-racial e também o de gênero sejam considerados na
hora de dividir os recursos de financiamento de campanha porque sem esse
financiamento não teremos condição de alterar o quadro de sub-representação que
há de pessoas negras e indígenas, de mulheres, da juventude, nos ambientes de
poder e nos espaços de decisão sobre a vida nacional”.
Olívia
citou como outro exemplo importante as cotas nas universidades, “talvez a
política mais efetiva de reparação nesse país pós-abolição. A política de cotas
para negros e negras mudou o perfil socioeconômico e étnico-racial das
universidades públicas brasileiras”.
Ao
mesmo tempo, Olívia salientou a necessidade de haver uma política de
fortalecimento do SUS, com um olhar especial sobre a população negra. “Se as
pessoas negras são 70% dos que vivem em condição de pobreza, esse público é o
principal do SUS. Nosso sistema é universal e precisa ser universal, mas
precisa de recursos de financiamento para que ele possa prestar, de fato, um
serviço mais amplo e de maior qualidade”.
Enfrentamento aos esteriótipos
Outra
questão destacada por Olívia Santana é o enfrentamento aos estereótipos que
recaem sobre a população negra e sobretudo em relação às mulheres. “A ideia de
que mulher negra é para lavar, passar, cozinhar, ser trabalhadora doméstica,
essa fixação de um ideário escravocrata sobre as mulheres negras faz com que as
trabalhadoras domésticas, que são de maioria negra, não recebam os direitos
assegurados por lei. Isso tem de ser enfrentado, combatido. E mais uma vez, é
preciso desconstruir esses estereótipos e aproximar a visão popular, do nosso
povo de que é possível sim ser mulher, ser negra e ser deputada, vereadora,
governadora”.
A
dirigente salientou ainda que a luta pelos espaços de poder é uma pauta
fundamental que os partidos devem repensar. “É preciso investir, de fato, em
quadros políticos de mulheres negras para compor direções partidárias, ter
capacidade de decidir nas reuniões partidárias, no âmbito de direção. Portanto,
considero que essa é uma questão-chave porque é exatamente nos centros de poder
que a gente pode resolver todas as outras coisas. Você não resolve o problema
de salário igual para trabalho igual se as mulheres não estiverem no poder. Não
resolve a superação ou redução do racismo se as pessoas negras não estiverem em
espaços de poder”.
Por
fim, Olívia colocou: “estamos lutando muito para que Lula se torne presidente
da República. Mas, queremos ver no primeiro escalão do governo dele mulheres
negras, pessoas negras e indígenas. E é preciso acabar com essa farsa de que as
pessoas negras não estão empoderadas porque não estão preparadas para isso. Nós
estamos preparadas. Tem muita gente preparada. O que não se tem é
oportunidade”.
Programação
Confira
abaixo a programação do seminário
Dia 03 de junho de 2022
9h – Abertura
- Luciana Santos – Engenheira,
vice-governadora de Pernambuco e Presidenta nacional do PCdoB
- Secretária Nacional de Combate ao
Racismo – Olívia Santana
- Presidente da Fundação Maurício
Grabois – Renato Rabelo
- Carlos Lopes – Vice-presidente
nacional do PCdoB
- Manuela D’Avila – Vice-presidenta
nacional do PCdoB e presidenta do Instituto E se Fosse Você?
10h – Painel 1) A
formação da Nação, do povo e das classes sociais no Brasil: da escravidão ao
trabalho assalariado ✓ Ciclos
civilizacionais na história.
A formação da nação, do povo e das
classes sociais no Brasil: da escravidão ao trabalho assalariado.
- Ciclos civilizacionais
- Povos Indígenas e racismo no
Brasil
- Escravismo pleno e escravismo
tardio;
- capitalismo dependente;
- impactos do colonialismo e do
racismo na formação do povo brasileiro e da identidade nacional.
Proposta:
Eron Bezerra – Doutor em Ciências do
Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia pela Universidade Federal
do Amazonas-UFAMUNB,
Wlamyra Albuquerque – Mestra em
História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e doutora em História Social
da Cultura pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)
Francisco Carlos Teixeira – UFRJ
Júlio Vellozo – Historiador USP,
mestre IEB/USP, doutor FFLCH/USP. Pós-doc. na Fac. de Direito da Univ. de
Salamanca
Coordenação: Olívia Santana – Secretária nacional do
PCdoB de Combate ao Racismo
12h30 às 13h50 – INTERVALO PARA ALMOÇO
14h – Painel 2) As correntes marxista,
liberal e pós modernista na luta antirracista: falsos antagonismos entre
luta de classes e antirracismo.
- A luta antirracista e as
experiências socialistas: saltos e limites
- Correntes de esquerda e liberais
nos movimentos negros, falsos antagonismos entre luta de classes e luta
antirracista, pluralidade de ideias e ação política;
- Incompreensões de setores da
esquerda sobre a luta antirracista e a necessidade de uma nova agenda que
sintetize as diversas dimensões da luta contra as opressões impostas pelo
capitalismo;
Daniele Costa – Cientista
Sociais pela Universidade Federal da Bahia e Pós- graduanda em Ciência
Política.
Carlos Montaño ou Angélica Lovato – Escritor e autor do
livro Identidade e Classe Social (UFRJ)
Luís Fernandes – Cientista Político
– (UFRJ)
Dennis de Oliveira – Doutor em
Comunicação e professor da USP
Coordenação: Rozana Barroso – Presidente
Nacional da UBES
Dia 04 de junho de 2022
9h – Painel 3) A luta
antirracista frente ao desafio de derrotar Bolsonaro e eleger um governo
democrático nucleado pelas forças populares.
- Derrotar Bolsonaro em 2022 para a retomada do projeto de
desenvolvimento nacional, com combate ao racismo, às desigualdades sociais
e regionais
- Crise econômica, crescimento do desemprego e da fome;
- Avanço do racismo e das múltiplas formas de intolerância, retrocesso
cultural e educacional.
- Pandemia da COVID-19, crise
econômica mundial, medidas urgentes e saída para o futuro;
Danieli Balbi– Professora, Mestra
e Doutora em Ciência da Literatura (UFRJ)
Edson França – Historiador e membro do
Comitê Central
Irapun Santos – membro do Comitê
Central
Bruna Rodrigues – Vereadora de Porto
Alegre
Coordenação: Rosanita Campos –
Comissão Política Nacional
12h30 às 13h50 – INTERVALO PARA ALMOÇO
14h – Painel 4) A perspectiva
antirracista em um Novo Projeto Nacional de Desenvolvimento.
Ângela Guimarães – Presidenta
Nacional da UNEGRO
Orlando Silva Júnior – Deputado Federal
Bruna Brelaz – Presidente Nacional
da UNE
Coordenação: Edilson Luís –
Ex-deputado estadual e presidente da UNEGRO em Pernambuco
- Políticas de distribuição de renda, de promoção da
mobilidade e empoderamento social como forma de combater o racismo e
incorporar a população negra ao projeto de nação.
16h – Painel 5) A Luta por maior
Representatividade de Pessoas negras e indígenas no Sistema de Representação
Política Brasileiro
- partidos políticos e cargos
eletivos.
- participação política
institucional e sociedade civil organizada
- plataformas eleitorais antirracista
– conexões com as causas e demandas do povo
- mandatos populares e coletivos,
novas estratégias de participação política nos espaços de Poder – novas
aquilombagens de resistência
Palestrantes:
Rosane Borges – professora, doutora e
pesquisadora USP
Jô Oliveira – Mestra em Serviço Social
e vereadora do PCdoB, em Campina Grande- Paraíba
Gerson Pinheiro – Secretário de
Reparação do Maranhão
Coordenação: Walkiria – Vereadora
de Niterói – RJ
Inscrição: clique aqui
Por
Priscila Lobregatte
.
Olhar atento sobre o que acontece https://bit.ly/3n47CDe
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