19 março 2024

Lula & ministério: balanço positivo

Reunião ministerial mostra avanços concretos em 1º ano de governo Lula

Em encontro com ministros, presidente falou das conquistas obtidas mesmo com a destruição causada por Bolsonaro, e reafirmou compromisso com melhora da vida do povo
Priscila Lobregatte/Vermelho


 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou, nesta segunda-feira (18), a primeira reunião ministerial de 2024, na qual foi feito um balanço do primeiro ano do governo. Em pauta, as principais ações que impactaram a vida da população após a destruição causada por Jair Bolsonaro e a necessidade de avançar nas conquistas sociais. Lula também abordou as investigações da Polícia Federal e os depoimentos de ex-comandantes das Forças Armadas que deixaram ainda mais claro o plano golpista arquitetado pelo ex-presidente.  

Diante de pesquisas recentes que apontaram queda na popularidade do governo, Lula lembrou a situação de terra arrasada encontrada desde a transição. “Quase todos os ministérios estavam defasados do ponto de vista de profissionais, alguns praticamente destruídos, alguns com menos da metade dos funcionários que precisavam e a maioria sem políticas públicas que tivessem interesse na inclusão social”, disse Lula. Ele acrescentou que todos ali tinham “ciência dos escombros que receberam quando tomamos posse”. 

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Como reflexo dessa situação, apontou o presidente, “o primeiro ano foi de recuperação e não foi fácil. Todo mundo aqui sabe que recuperar uma coisa estragada é mais difícil do que começar algo novo”. Entre os diversos problemas encontrados, citou as mais de 14 mil obras paradas em áreas fundamentais como saúde e educação e salientou conquistas como a recuperação dos programas Bolsa Família, Farmácia Popular e Mais Médicos e a criação de outros como o Alfabetização na Idade Certa e o Pé de Meia, bem como o aumento do poder aquisitivo possível a partir da retomada da valorização do salário mínimo. 

Mas, pontuou, “todo mundo sabe, também, que ainda falta muito para a gente fazer. E ‘muito’ não é nada estranho, é tudo aquilo que nós nos comprometemos a fazer durante a disputa eleitoral”. 

Tentativa de golpe 

Em seu pronunciamento de abertura da reunião, Lula salientou, ainda, que a gestão anterior “nunca se preocupou em governar este país. Nunca se preocupou com a economia, com políticas de inclusão social; ele só se preocupava em estimular o ódio entre as pessoas, a mentira e continua fazendo do mesmo jeito”. 

O presidente completou dizendo que “hoje temos mais clareza do significado do 8 de Janeiro porque a gente já sabe o que aconteceu no mês de dezembro. Hoje a gente tem clareza, pelo depoimento de gente que fazia parte do governo dele ou que estava no comando das Forças Armadas, de gente que foi convidada pelo presidente para fazer um golpe”. 

Conforme apontou o presidente, a ruptura institucional não aconteceu “não só porque algumas pessoas que estavam no comando das Forças Armadas não aceitaram a ideia do então presidente, mas também porque o presidente era um covardão, não teve coragem de executar aquilo que planejou, ficou dentro de casa aqui chorando por quase um mês e preferiu fugir para os EUA do que fazer o que ele tinha prometido, na expectativa de que fora do país o golpe poderia acontecer porque eles financiaram as pessoas nas portas dos quartéis para tentar estimular a sequência do golpe”. 

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Como o plano não deu certo, argumentou Lula, “eles estão agora dizendo que nós estamos ferindo a democracia, que eles eram inocentes, que eles apenas fizeram discussões, mas que não houve nada de concreto. Mas nós sabemos que houve uma tentativa de golpe neste país. Quem tinha dúvida agora pode ter certeza de que, por pouco, a gente não voltou aos tempos tenebrosos deste país”. 

Para Lula, em 2022 o povo “foi mais sábio, mais corajoso e nós estamos estamos aqui com a incumbência de não só resolver o problema da economia, da saúde, do transporte, da agricultura…temos que resolver uma coisa muito mais séria que é a consolidação do processo democrático deste país”. 

O presidente afirmou que é preciso fazer um “esforço imenso para garantir que a Constituição seja respeitada, que as instituições que garantem a democracia continuem funcionando, para garantir que a relação entre os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário seja cada vez mais harmônica, com cada um cumprindo sua tarefa, mas que a gente saiba que a única possibilidade de reconstruir este país e fazer com que as famílias brasileiras possam viver num padrão de vida digno e decente é a gente consolidar o processo democrático e fazer as pessoas compreenderem o quanto a democracia é importante para a vida de cada um de nós”. 

Lula também criticou o uso da religião pela extrema direita bolsonarista como “um instrumento político de um partido ou de um governo” e defendeu que a fé deve ser exercitada “na mais plena liberdade das pessoas que queiram exercê-la. A gente não pode compreender a religião sendo manipulada da forma vil e baixa como está sendo neste país”. 

Por fim, destacou: “tenho certeza de que quando chegarmos ao final do nosso mandato, este país será mais democrático, o povo estará vivendo melhor, comendo melhor, estudando melhor, vivendo muito mais dignamente”. 

Avanços conquistados 

Após a fala do presidente, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, apresentou os dados que mostram os avanços conquistados pelo governo em 2023, apesar das dificuldades enfrentadas. 

Conforme apontado, o Brasil atingiu, no ano passado, a menor taxa de desemprego desde 2015. Naquele ano, o índice foi de 7,5%; em 2023, foi de 7,8%. O salário mínimo teve evolução de 102,1 ponto em relação aos anos anteriores. “O crescimento da massa salarial é o maior desde o Plano Real, em 1995”, comentou Rui Costa. 

A inflação teve queda de 20% e se manteve dentro da meta, chegando a 4,62% no ano passado e o risco Brasil teve redução de 24%, com 195 pontos. 

O ministro também destacou o crescimento de 12% do valor médio do Bolsa Família, que passou para R$ 680. Ele lembrou que o acréscimo verificado em 2022 teve a ação direcionada às eleições, contemplando inclusive pessoas que não tinham direito, reflexo do uso da máquina pública por Bolsonaro para buscar sua recondução à presidência. 

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No caso da saúde, vale destacar o crescimento de 85% no número de profissionais no Mais Médicos, que chegou a mais de 25,4 mil, e a ampliação da gratuidade da Farmácia Popular, o que levou ao aumento de 13% no número de pessoas atendidas, que somam 9,3 milhões, assim como o aumento de 20% do repasse aos estados e municípios pelo Fundo Nacional de Saúde – Atenção Especializada. 

No campo educacional, houve reajuste de 48% no valor da merenda escolar. Além disso, o total de recursos repassados para as escolas de tempo integral foi o maior do que a soma do período entre 2017 e 2022, chegando a R$ 1,916 milhão; já o Compromisso com a Alfabetização teve aumento de 32%. E as bolsas de pós-graduação tiveram um crescimento de 41%, com R$ 5,21 bilhões.

A cultura teve um salto de 255% no número de propostas autorizadas a captar recursos via Lei Rouanet. Quanto à segurança pública, os repasses aos estados subiu 19%, passando a R$ 1,176 milhão. 

O desmatamento da Amazônia acumulou queda de 22% e o Plano Safra cresceu 11%, para R$ 344 bilhões. No caso do mesmo plano voltado para a agricultura familiar, o crescimento foi de 10%, com R$ 54,6 bilhões. E o Luz Para Todos teve um aumento de recursos de 26%.

Na área de Ciência e Tecnologia, o salto foi de 79%, com R$ 10 bilhões de investimentos e os projetos financiados pelo fundo de C&T chegaram a 670, mais do que a soma do que foi feito entre 2019 e 2022. 

A retomada dos investimentos em infraestrutura teve um aumento de 14% no setor privado e 44% no público e a expansão na geração de energia eólica e solar também registrou salto de 64%. 

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